terça-feira, 25 de dezembro de 2012

1995 - 25 de Dezembro - Simone

Oi pessoal! Nesta véspera de Natal, trago aqui no Blog um disco de músicas natalinas que ouço desde pequeno nesta época, lançado pela cantora Simone (que, aliás, ainda é inédita por aqui) em 1995. Nascida num dia de Natal em Salvador, Bahia, Simone desde a infância teve grande contato com a música através de seu pai, cantor de ópera, e sua mãe, que tocava piano. Sua carreira remonta o início da década de 1970, mais precisamente o ano de 1973, onde a partir de um jantar promovido por sua amiga e professora de violão, conheceu o gerente de marketing da gravadora Odeon, o qual a convidou a assinar um contrato com a gravadora e que, neste mesmo ano, lançou seu primeiro disco, intitulado "Simone". Ainda em 1973, foi convidada a excursionar pelos Estados Unidos e Canadá durante três meses, onde iniciou sua carreira internacional. Nos anos seguintes, gravou mais alguns discos, como "Quatro Paredes" (1974), "Gota D'Água" (1975) e "Face a Face" (1979), até que, em 1980, regravou a música "Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores (Caminhando)", de Geraldo Vandré, que havia sido vetada pela censura durante o regime militar, alcançando enorme sucesso e reconhecimento. Dois anos mais tarde, lotou o Maracanãzinho com o show do disco "Amar", o Estádio do Morumbi, em São Paulo, com o show  "Canta Brasil", e o Canecão, no Rio, com o show homônimo ao disco "Corpo e Alma", no qual interpretou os sucessos de "Me Deixas Louca", de Armando Manzareno, "Vida", de Chico Buarque, e "Alma", de Sueli Costa e Abel Silva. Durante a década de 1980 e início dos anos 1990, gravou inúmeros discos, dentre eles: "Delírios e delícias" (1983), "Desejos" (1984), "Cristal" (1985), "Amor e paixão" (1986), "Vício" (1987), "Sedução" (1988), "Simone/Tudo por amor" (1989), "Liberdade" (1990), "Raio de luz" (1991), "Sou Eu" (1993), "Simone Bittencourt de Oliveira" (1995), além do disco tema da postagem de hoje, "25 de dezembro". Neste disco, Simone traz 10 clássicas canções que embalam essa época de Natal, destacando-se as músicas "Noite Feliz", "Boas Festas", "Bate O Sino", "Então É Natal", "O Velhinho", "Natal das Crianças", "Jesus Cristo" e "Natal Branco", passando por compositores brasileiros como Roberto & Erasmo Carlos, além de Blecaute e Assis Valente, e fechando com clássicos internacionais. Um disco que me traz muitas lembranças felizes, e que até hoje faz parte do dia e das celebrações do Natal de muitas famílias pelo Brasil afora. Uma homenagem do Blog da Música Brasileira à cantora Simone, aniversariante do dia. E, a todos vocês, leitores e frequentadores deste blog, que contribuem com este trabalho para que a beleza da música brasileira não seja nunca esquecida e sempre se renove em suas raízes musicais, um Feliz Natal!

1 - Então É Natal (John Lennon / Yoko Ono / Vrs. Claudio Rabello)
2 - Natal Branco (Irving Berlin / Vrs. Marino Pinto)
3 - Bate O Sino (DP)
4 - Pensamentos (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)
5 - O Velhinho (Octávio Filho)
6 - Jesus Cristo (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)
7 - Que Maravilha Viver...(G. D. Weiss / B. Thiele / Vrs. Claudio Rabello)
8 - Natal das Crianças (Blecaute)
9 - Boas Festas (Assis Valente) - com Timbalada
10 - Noite Feliz (F. Gruber / DP)

*DP - Domínio Público

domingo, 16 de dezembro de 2012

2002 - Volta Por Cima - Roberto Silva

Oi pessoal! Neste sábado, posto aqui no Blog um disco em homenagem ao Príncipe do Samba, Roberto Silva, falecido este ano aos 92 anos, vítima de um AVC. Nascido no morro do Cantagalo, Rio de Janeiro, Roberto Silva iniciou sua carreira ainda na década de 1930, participando de diversos programas de calouros, até ser contratado pela Rádio Mauá em 1943, cantando "Risoleta", de Raul Marques e Moacyr Bernardino, e "Neusa", de Antonio Caldas e Celso Figueiredo. Três anos depois, gravou seu primeiro disco pela Continental, custeado pelos compositores das músicas "Ele É Esquisito", de Walter Rodrigues, e "O Errado Sou Eu", de Djalma Mafra, sendo contratado ainda neste ano pela Rádio Nacional. Nesta época, Roberto Silva ganhou do locutor oficial da Rádio Tupi, à qual foi convidado a participar do elenco por Paulo Gracindo, o apelido que o consagrou durante toda a vida, "O Príncipe do Samba". Em 1948, com o samba "Maria Tereza", de Altamiro Carrilho, alcançou seu primeiro sucesso, gravando diversos sambas de inúmeros compositores nos anos seguintes. Em 1954, obteve sucesso com a música "Perdi Você", de Raimundo Olavo e Silva Jr., e, no ano seguinte, as músicas "Mãe Solteira", de Wilson Batista e Jorge de Castro, "Notícia", de Nelson Cavaquinho, Alcides Caminha e Norival Reis, também se tornaram destaques na carreira e na música de Roberto Silva. Em 1957, fez muito sucesso com "Emília", de Wilson Batista e Haroldo Lobo, e no ano seguinte, alcançou o auge de sua carreira com o lançamento de seu primeiro LP "Descendo o Morro", o qual daria origem a mais três da série, num total de quatro verdadeiras jóias da música e do samba, recheados de sucessos e músicas que marcaram a história do samba brasileiro. Durante a década de 1960 esteve no auge de sua carreira, com diversos sucessos e participando de programas nas Rádios Nacional, Mayrink Veiga e Tupi. No início da década de 1970 foi contratado pela Tv Excelsior, permanecendo por lá durante dois anos, gravando os discos "Saudade em Forma de Samba" (1974), "Protesto ao Protesto" (1978) e "A Personalidade do Samba" (1979) nos anos seguintes. Durante as décadas de 1980 e 1990, sua carreira diminuiu de intensidade, gravando os discos "Wilson Batista, o Samba Foi Sua Glória" (1985), ao lado da cantora Joyce, e "Roberto Silva Interpreta Orlando Silva" (1997). Em 2000, foi relançada parte de sua discografia em CD, além de ter participado do disco "Ganha-se Pouco Mas É Divertido", de Cristina Buarque, sobre a obra do compositor fluminense Wilson Batista, e da gravação da música "Juracy", de Antonio Almeida e Ciro de Souza (sendo esta uma das músicas de maior sucesso de sua carreira), ao lado de Caetano Veloso, para a coletânea "Casa de Bamba 4", a convite do produtor musical Rildo Hora. Em 2002, participou do show "O Samba É Minha Nobreza", apresentado no Rio de Janeiro durante três meses, dando origem a um CD duplo contendo inúmeros sucessos de sua carreira. Este show também serviu de incentivo para a gravação do disco "Volta Por Cima" pela Universal Music, que é tema da postagem de hoje em homenagem a este grande artista. Lançado ainda em 2002, o disco traz a versão de "Juracy" gravada com Caetano Veloso dois anos antes, além dos sucessos de "Volta Por Cima" - que dá nome ao disco -, "Gosto Que Me Enrosco", "Notícia", "A Primeira Vez", "Da Cor Do Pecado", "Inquietação", "Normélia", "Meu Sonho É Você" e "A Rita". Este é um disco maravilhoso, um dos melhores discos de samba de nossa música brasileira, gostoso de ouvir, na interpretação do Príncipe do Samba, que nos deixou órfãos de sua música, sua genialidade neste ano de 2012, mas que deixou para a posteridade seus sucessos, seus sambas, seu nome marcado na história do samba e em nossa música brasileira. Fica aqui registrada esta singela homenagem a este artista que, apesar de hoje em dia ser pouco lembrado e referenciado, trouxe ao samba uma interpretação repleta de melodias e ritmos diferentes, que o transformaram num dos estilos musicais mais ricos de nossa música brasileira.

1 - Notícia (Nelson Cavaquinho / Alcides Caminha / Norival Reis)
2 - Volta Por Cima (Paulo Vanzolini)
3 - A Rita (Chico Buarque)
4 - Gosto Que Me Enrosco (Sinhô)
5 - Da Cor Do Pecado (Bororó)
6 - A Primeira Vez (Marçal / Bide)
7 - Inquietação (Ary Barroso)
8 - Normélia (Raymundo Olavo)
9 - Meu Sonho É Você (Átila Nunes / Altamiro Carrilho)
10 - Quem Mente Perde a Razão (Edgard Nunes / Zé da Zilda)
11 - Bohêmio (J. Pereira / Ataulfo Alves / Orlando Portela)
12 - Nova Ilusão (Claudionor Cruz / Pedro Caetano)
13 - Juracy (Antonio Almeida / Cyro de Souza) - com Caetano Veloso

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

2012 - Compacto - Esse Cara Sou Eu - Roberto Carlos

Oi pessoal! Nesta quarta-feira, escolhi para postar um disco que transformou a nova música do rei Roberto Carlos, "Esse Cara Sou", na música mais baixada do iTunes do mês de novembro e num dos principais sucessos do cantor dos últimos tempos. Tema romântico das personagens Théo (Rodrigo Lombardi) e Morena (Nanda Costa) da novela "Salve, Jorge", que estreou no ar dia 22 de outubro, no horário das 21:00, a música tinha sido composta pelo rei, mas não com o objetivo de fazer parte da trilha sonora da novela. Ainda estava incompleta (faltava o último verso) quando recebeu da escritora Glória Perez o convite para estrear a música na novela. E, logo após a estréia da novela, a música "estourou" em todas as rádios, nas redes sociais, até que foi lançado pela Sony em novembro um disco "single", ao estilo dos velhos compactos, que traz o sucesso de "Esse Cara Sou Eu", além de "Furdúncio", um funk melody também inédito e integrante da trilha sonora da novela "Salve, Jorge", como tema do casal Lurdinha (Bruna Marquezine) e Caíque (Duda Nagle), composta desta vez em parceria com o velho amigo Erasmo Carlos. No lado B do compacto, ou melhor, as outras duas músicas que compões o disco são "A Volta", da novela "América" (2005), e "A Mulher Que Eu Amo", da novela "Viver A Vida" (2009-10). Um disco que além de revolucionar a carreira do rei, que há muitos anos não lançava músicas inéditas, trouxe à tona o romantismo e o estilo inconfundível de Roberto Carlos à musica da atualidade de forma moderna e, de certa forma, até um pouco ousada, comparando-se as músicas que se consagraram na carreira do rei. Um disco que mesmo sendo um EP lançado para divulgar o sucesso de "Esse Cara Sou Eu" (enquanto o disco completo não esteja totalmente pronto para ser lançado) traz de forma diferente um Roberto Carlos mais próximo e mais popular que o mesmo Roberto de alguns anos. E, é claro, que traz 4 músicas de puro romantismo, em temas e trilhas sonoras de novelas, que marcaram a carreira o rei nos últimos anos.

1 - Esse Cara Sou Eu (Roberto Carlos)
2 - Furdúncio (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)
3 - A Mulher Que Eu Amo (Roberto Carlos)
4 - A Volta (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)

sábado, 1 de dezembro de 2012

1970 - Angela de Todos os Temas

Oi pessoal! Nesta manhã de sábado, posto aqui no Blog mais um disco da eterna Rainha do Rádio, Angela Maria. Dona de uma voz linda e um talento incomparável, a cantora teve de deixar seu trabalho numa fábrica de lâmpadas, sua voz no coral da igreja - onde seu pai era o pastor - e a família para se tornar uma das maiores cantoras do Brasil. Em 1948, aos 20 anos de idade, iniciou sua jornada no mundo da música cantando na boate Dancing Avenida, onde foi descoberta pelos compositores Erasmo Silva e Jaime Moreira, que a levaram para a Rádio Mayrink Veiga, adotando o nome de Angela Maria (seu verdadeiro nome é Abelim) para que a família não descobrisse. Nestes primeiros anos de sua carreira, cantou em diversos programas de calouros e em várias boates, até que conseguiu um contrato com a RCA Victor, para a gravação de seu primeiro disco, já em 1951, com as músicas "Sou Feliz", de Custódio Mesquita e Ari Monteiro, e "Quando Alguém Vai Embora", de Cyro Monteiro e Dias da Cruz. Neste mesmo ano, seu primeiro sucesso "Não Tenho Você", de Paulo Marques e Ari Monteiro, bateu recordes de vendagens, dando uma guinada em sua carreira. No ano seguinte, participou de seu primeiro filme, "Com o Diabo No Corpo", do diretor Mario del Rio, gravou mais algumas músicas, com destaque para "Tenha Pena de Mim",  de Aldacir Louro e Anísio Bichara, um dos maiores sucessos de Aracy de Almeida. Em 1953, gravou a inédita "Nem Eu", de Dorival Caymmi, além de mudar-se para a gravadora Copacabana, obteve muito sucesso com as músicas "Fósforo Queimado", de Paulo Meneses, Milton Legey e Roberto Lamego e "Vida de Bailarina", de Chocolate e Américo Seixas. No ano de 1954, Angela Maria gravou outro grande sucesso, "Recusa", de Herivelto Martins, participou do filme "Rua Sem Sol", de Alex Viany, interpretando as músicas "Vida de Bailarina" e "Rua Sem Sol" e, ainda neste ano, foi escolhida como a "Melhor Cantora do Ano" e, com uma votação de mais de 1 milhão de votos, conquistou o título de "Rainha do Rádio de 1954". Após ser coroada Rainha e descrita pelo então presidente Getúlio Vargas como "tendo a voz doce e cor do sapoti", Angela Maria continuou trilhando sua carreira de enorme sucesso, principalmente no final dos anos 1950 e toda a década de 1960, influenciando grandes nomes da música de outras gerações e emplacando recordes de vendagens de disco, considerada como a cantora que mais gravou discos na história da música brasileira. E no auge de sua popularidade e de sua carreira, "Angela de Todos os Temas" é gravado pela Copacabana em 1970, com um repertório digno de uma cantora da expressão de Angela Maria, com músicas que são verdadeiras obras-primas em sua interpretação, como as clássicas "Gente Humilde" e "Último Desejo", além de "A Nave dos Arrependidos" (pra mim, uma das melhores interpretações de Angela Maria), "Noite de Temporal", "Viola Enluarada", "Um Tipo Especial de Amor", "Tardes de Lindóia", "Os Argonautas" e "Depois do Adeus". Apesar de não fazer parte dos discos mais conhecidos e referenciados de Angela Maria, este disco mostra em cada música, cada interpretação, o talento de uma cantora que deixou de imitar Dalva de Oliveira, em quem se inspirava desde a infância, para se tornar uma das maiores e mais populares vozes da música brasileira. Embora hoje esteja um pouco esquecida pela mídia, pelo público, Angela Maria estará sempre na alma daqueles que gostam de uma boa música brasileira. Afinal, quem é Rainha, não perde a majestade e, no caso de Angela Maria, não é diferente.

1 - Gente Humilde (Garoto / Chico Buarque / Vinicius de Moraes)
2 - A Nave dos Arrependidos (D. Ramos / Vrs. Fred Jorge)
3 - Último Desejo (Noel Rosa)
4 - Um Tipo Especial de Amor (L. Christie / T. Herbert / Vrs. Arnaldo Saccomani)
5 - Outra Noite (R. Sciammrella / Vrs. L. Lobato)
6 - Viola Enluarada (Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle)
7 - Noite de Temporal (Dorival Caymmi)
8 - Pra Dizer Adeus (Edu Lobo / Torquato Neto)
9 - Tardes de Lindóia (Pinto Martins / Zequinha de Abreu)
10 - Depois do Adeus (P. Ihle / G. P. Reberberi / L. Ihle / Mogol / Vrs. Fred Jorge)
11 - Estou Procurando Uma Rima (Martinha)
12 - Os Argonautas (Caetano Veloso)

domingo, 25 de novembro de 2012

1979 - Seu Último Show Gravado Ao Vivo - Adoniran Barbosa

Oi pessoal! Neste final de domingo, escolhi para homenagear um dos maiores gênios de nossa música brasileira, o paulista Adoniran Barbosa, que nos deixou há 30 anos, completados na última sexta-feira, 23 de novembro. Nascido na cidade de Valinhos em 6 de agosto de 1910, João Rubinato iniciou sua carreira artística em 1933 ao participar de um programa de calouros na antiga Rádio Cruzeiro do Sul, cantando o samba "Filosofia", de Noel Rosa. Segundo o próprio Adoniran, ele só foi aprovado neste programa porque o responsável pelo gongo estava dormindo na ocasião. Dois anos depois, sua primeira composição "Dona Boa" foi gravada por Raul Torres pela Columbia, além de que, neste mesmo ano, passa a usar o pseudônimo de Adoniran Barbosa, que marcaria sua vida e carreira artística, em homenagem ao amigo Adoniran Alves e ao cantor e compositor Luiz Barbosa. Entre os anos de 1935 e 1940, trabalhou na Rádio Cruzeiro do Sul como cantor e animador de programa, até que em 1941 foi levado à Rádio Record por convite de Otávio Gabus Mendes para fazer radioteatro.Em 1943, o grupo "Demônios da Garoa" foi formado, onde Adoniran permaneceu atuando com o grupo animando torcidas em jogos de futebol pelo interior paulista. Participou de dois filmes, ainda na década de 1940 - "Pif Paf" (1945) e "Caídos do Céu" (1946) - e, em 1951, Adoniran gravou seu primeiro disco, pela Continental, contendo as músicas "Os Mimosos 'colibri'", de Hervé Cordovil e Osvaldo Moles, e "Saudade da Maloca", de sua própria autoria. Ainda no mesmo ano, o samba "Malvina", de sua autoria, foi premiado no Carnaval, sendo gravado pelos "Demônios da Garoa" pelo selo Elite Especial. No ano seguinte, também pela Continental, Adoniran grava dois de seus maiores sucessos: o famoso "Samba do Arnesto", de sua autoria com Alocin - em homenagem ao amigo Ernesto Paulelli, morador do bairro da Móoca (não no Brás, como diz a música), que diz que nunca deu um "bolo" em Adoniran e que, interrogado a respeito do motivo da música conter este fato, o compositor respondeu assim "ora, Arnesto, se não tivesse mancada, não tinha samba!" - e o samba "Joga a Chave", de sua autoria com Osvaldo França. Em 1955, o grupo dos "Demônios da Garoa" gravaram um disco contendo "Saudosa Maloca" e "Samba do Arnesto", onde alcançaram enorme sucesso ao apresentá-las no programa de Manoel de Nóbrega na Rádio Nacional, trazendo por conseqüência ao compositor, enorme prestígio e reconhecimento. Durante os anos seguintes, a popularidade e o prestígio de Adoniran só foram aumentando, com as gravações dos seus sambas "As Mariposa" (1955), "Um Samba no Bixiga" (1956), "Iracema" (1956), "Bom Dia, Tristeza" (1956), em parceria com Vinicius de Moraes, "Pafunça" (1958), "Tiro Ao Álvaro" (1960), entre tantos outros. Sua carreira e seu sucesso só aumentou durante a década de 1960, chegando até ter uma música de sua autoria com Osvaldo Moles, "Mulher, Patrão e Cachaça", defendida na I Bienal do Samba pelos "Demônios da Garoa", realizada em 1968 pela Tv Record, que mesmo não classificada, deu origem a um compacto gravado na ocasião. Na década de 1970, gravou dois discos antológicos, com 12 sambas de sua autoria cada, que até hoje representam um dos melhores registros musicais do compositor. Em 1977, apresentou-se no Teatro 13 de Maio, no Bixiga, ao lado de Cartola, Nelson Cavaquinho, Zé Kétti, Mário Lago e Carlos Cachaça, num encontro histórico para o samba e a música brasileira. Finalmente, em 10 de março de 1979, teve seu último show gravado ao vivo, ao lado do Grupo Talismã, no Teatro Cabaré, em São Paulo, registrado em disco apenas em 1990 pela RGE. E este disco, tema da postagem de hoje, traz um Adoniran já debilitado pela idade (podemos identificar pela sua voz já cansada e fraca), mas que traz ainda suas piadas, sua irreverência, seu jeito inconfundível de ser, falando que só ia cantar se o público pedisse "Canta, meu amor!". Além dos seus sambas já consagrados, como "Trem das Onze", "As Mariposa", "Um Samba No Bixiga", "Samba do Arnesto", "Iracema" e "Samba do Metrô", temos como destaque as inéditas "Viaduto Santa Ifigênia", "Rua dos Gusmões" e "Despejo Na Favela". Um disco interessante, gostoso de ouvir, que traz o registro inédito de um show na íntegra de Adoniran, mostrando suas músicas, seus sucessos e seu jeito único de se apresentar e de fazer a platéia rir e se divertir. E, mesmo após 30 anos, sua música continua sendo atual, caracterizada como um retrato da cidade de São Paulo e sua gente, seus costumes, suas histórias. Um dos maiores e melhores compositores de sambas de nossa música brasileira, que assumiu a "terra da garoa" como pano de fundo às suas criações maravilhosas, atemporais e inesquecíveis.

1 - Abertura / Trem das Onze (Adoniran Barbosa)
2 - Já Fui Uma Brasa (Adoniran Barbosa / Marcos Cesar)
3 - As Mariposa (Adoniran Barbosa)
4 - Um Samba No Bixiga (Adoniran Barbosa)
5 - Samba Italiano (Adoniran Barbosa)
6 - Bom Dia, Tristeza (Adoniran Barbosa / Vinicius de Moraes)
7 - Apaga o Fogo Mané (Adoniran Barbosa)
8 - Samba do Arnesto (Adoniran Barbosa / Alocin)
9 - Despejo Na Favela (Adoniran Barbosa)
10 - Uma Simples Margarida (Samba do Metrô) (Adoniran Barbosa)
11 - Viaduto Santa Ifigênia (Adoniran Barbosa / Alocin)
12 - Iracema (Adoniran Barbosa)
13 - Rua dos Gusmões (Adoniran Barbosa)

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

1969 - Carmélia Alves

Oi pessoal! Nesta sexta-feira, emenda de feriado, posto aqui no Blog uma homenagem à nossa querida Rainha do Baião, Carmélia Alves, que nos deixou no último dia 3 de novembro, aos 89 anos. Consagrada como uma das maiores cantoras da década de 1950, vivia desde 2010 no Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro, sofria do mal de Alzheimer e, segundo seu irmão Noel Alves, também lutava contra um câncer. Sua carreira teve início nos anos 1940, cantando músicas do repertório de Carmen Miranda no programa "Picolino", a convite de Barbosa Júnior. Em 1941, foi contratada como crooner do Copacabana Palace para se apresentar no programa "Ritmos da Panair", transmitido ao vivo pela Rádio Nacional. Nesta época, foi convidado por César Ladeira, diretor da Rádio Mayrink iaVeiga, a substituir a estrela Carmen Miranda, que havia se mudado definitivamente para os Estados Unidos, cantando músicas do repertório de Carmen a uma soma de 800 mil-réis por mês. Em 1943, grava seu primeiro disco, o qual teve que financiar com parte de suas economias, contando com grande ajuda do amigo Benedito Lacerda, com as músicas "Quem Dorme No Ponto É Chofer", de Horondino Silva e Popeye do Pandeiro, e o samba "Deixei de Sofrer". Nos anos seguintes, excursionou pelo Brasil apresentando-se em diversas cidades do país, voltando ao Rio em 1948 e retomando seu lugar na Rádio Mayrink Veiga. No outro ano, Carmélia gravou ao lado de Ivon Curi a toada "Me Leva", de Hervê Cordovil e Rochinha, tornando-se seu primeiro grande sucesso, além de "Gauchita", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e "Trepa No Coqueiro", de Lauro Maia e Humberto Teixeira, sendo este último um dos maiores sucessos da carreira da cantora. Durante a década de 1950, sua carreira entrou em verdadeira ascensão, com a gravação de sucessos que marcariam definitivamente sua história na música brasileira, como "Sabiá Na Gaiola" (1950), de Luís Bandeira, "Adeus, Maria Fulô" (1951), de Humberto Teixeira e Sivuca, dentre muitos outros. Em 1952, ingressa no cinema, participando do filme "Tudo Azul", de Moacyr Fenelon, cantando "Dança da Muléstia", de Humberto Teixeira e Felícia Godoy. Ao longo de sua carreira, participa de inúmeros filmes, como "Está Com Tudo" (1952), "Agulha no Paieiro" (1953), "Carnaval em Lá Maior" (1955), "A Pensão da Dona Estela" (1956), "Estão Voltando as Flores" (2001), entre outros. Nesta época, Carmélia ganhou o título de Rainha do Baião, cuja côrte era composta pelo Rei, Luiz Gonzaga, e pelos príncipes, Luiz Vieira e Claudette Soares. Em 1956, pela gravadora Copacabana, Carmélia lança o disco "Carmélia Alves" (relançado pelo selo Beverly, em 1969), com os principais sucessos de sua carreira, como "Sabiá Na Gaiola", "Pé de Manacá", "Esta Noite Serenou", "Baião Vai...Baião Vem", "Cabeça Inchada", "Adeus, Adeus, Morena" e "Eh! Boi", todas de Hervé Cordovil e seus parceiros, além de "Paraíba", "Asa Branca", "Baião de Dois", "Qui Nem Jiló", e "No Meu Pé de Serra", todas de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Este, na minha opinião, é sem dúvida um dos melhores discos da carreira de Carmélia, que traz os principais sucessos da carreira, baiões que trazem a alegria, o talento e a marca de uma das maiores cantoras brasileiras, carioca de nascimento, mas nordestina de coração. Sua morte foi uma das maiores perdas que a música brasileira sofreu nos últimos anos, visto que Carmélia é uma das remanescentes deste tempo, desta música, que encantou toda uma geração de cantores que fizeram do rádio o principal veículo de manifestação artística musical da época, que levou aos quatro cantos do país o que a nossa música produzia de melhor. Fica aqui registrada uma homenagem à Carmélia Alves e a todos àqueles que deram sua vida e emprestaram seu talento para fazer da música brasileira uma das mais ricas e mais completas expressões artísticas de um povo, de todo o povo brasileiro.

1 - Pé de Manacá (Hervé Cordovil / Mariza Pinto Coelho)
2 - Esta Noite Serenou (Hervé Cordovil)
3 - Sabiá Na Gaiola (Hervé Cordovil / Mario Vieira)
4 - Eh! Boi (Hervé Cordovil)
5 - Cabeça Inchada (Hervé Cordovil)
6 - Baião Vai...Baião Vem (Hervé Cordovil)
7 - Adeus, Adeus, Morena (Hervé Cordovil / Manezinho Araújo)
8 - O Trem Chegou (Hervé Cordovil)
9 - Esquinado (Hervé Cordovil)
10 - No Meu Pé de Serra (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
11 - Estrada do Canindé (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
12 - Paraíba (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
13 - Asa Branca (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
14 - Qui Nem Jiló (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
15 - Juazeiro (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
16 - Baião de Dois (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
17 - Assum Preto (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)

sábado, 3 de novembro de 2012

1962 - Canção Que Inspirou Você - Cauby Peixoto

Oi pessoal! Neste sábado, posto aqui no Blog mais um disco de Cauby Peixoto, um dos cantores mais admirados e reverenciados do Brasil, com mais de 60 anos de carreira e ainda hoje em plena atividade. Seu início de carreira remonta o início dos anos 1950, apresentando-se em programas de calouros (como o "Hora dos Comerciários", da Rádio Tupi) e em diversas boates do Rio de Janeiro e São Paulo. Em 1951, gravou seu primeiro disco pelo selo Carnaval, com as músicas "Saia Branca", de Geraldo Medeiros, e "Ai, Que Carestia!", de Victor Simon e LizMonteiro e, dois anos depois, gravou mais dois discos, desta vez pela Todamérica, com as músicas "Tudo Lembra Você", de Marvel, Strachey, Link e Mário Donato, "O Teu Beijo", de Silvio Donato, "Ando Sozinho", de Hélio Ramos e R. G. de Melo Pinto, e "Aula de Amor", de Poly e José Caravaggi, com o acompanhamento de Poly e seu conjunto, assinando em seguida contrato com a gravadora Columbia. Em 1954, Cauby fez grande sucesso com a música "Blue Gardenia", de B. Russel e L. Lee, vs. de Antonio Carlos, música tema de filme de Hollywood, de mesmo nome, lançado no mesmo ano. A partir da gravação desta música, a carreira de Cauby deu um grande salto, tornando-se um dos maiores ídolos do rádio nacional, além de ser convidado a participar do cast dos principais artistas da Rádio Nacional, sendo perseguido por fãs onde quer que fosse. Em algumas vezes, teve sua roupa rasgada por fãs enlouquecidas, servindo de marketing pessoal, segundo seu empresário Di Veras na época. No ano seguinte, a consagração veio com o lançamento do seu primeiro LP, "Blue Gardenia", pela Columbia, que além da faixa-título trouxe ainda os sucessos de "Triste Melodia", de Di Veras e Chocolate, "Final de Amor", de Cidinho e Haroldo Barbosa, "Um Sorriso e um Olhar", de Di Veras e Carlos Lima, e "Sem Porém Nem Porque", de Renato César e Nazareno de Brito. Ainda neste ano de 1955, foi escolhido pelo crítico Silvio Túlio Cardoso, através da coluna "Discos Populares" do jornal "O Globo" como o melhor cantor do ano, ganhando um disco de ouro entregue em cerimônia especial em pleno Copacabana Palace. No ano seguinte, grava dois LP's, sendo que em "Você, A Música E Cauby", o cantor lança a música de maior sucesso em sua carreira, música obrigatória em todos os seus shows até hoje: "Conceição", de Jair Amorim e Dunga. Em 1957, grava mais dois discos long-play: o primeiro, "Ouvindo Cauby", com destaque para "Nada Além", de Custódio Mesquita e Mário Lago, "Chora Cavaquinho", de Dunga, "As Pastorinhas", de João de Barro e Noel Rosa, e "Na Aldeia", de Chocolate, Silvio Caldas e Carusinho, e o segundo, "Prece de Amor", com músicas oriundas de discos anteriores avulsos de 78 RPM. Nos anos finais da década de 1950, Cauby continuou gravando discos e sucessos, com destaque para a versão em inglês de "Maracangalha", de Dorival Caymmi, com o título de "I Go", numa turnê pelos Estados Unidos. Em 1960, Cauby lançou o disco "O Sucesso Na Voz de Cauby Peixoto", com sucessos já consagrados como "A Felicidade", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, além de outras músicas maravilhosas do repertório de Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Em 1961, além do lançamento dos discos "Perdão Para Dois" e "Cauby Canta Novos Sucessos", o cantor é agraciado, juntamente com Elizete Cardoso com o prêmio "Soberanos do Disco de 1961" pelo jornal "O Globo". Finalmente, em 1962, temos o lançamento do disco "Canção Que Inspirou Você", tema da postagem de hoje. Neste disco, um dos melhores de Cauby (pelo menos na minha opinião), destacam-se as músicas "Samba do Avião", de Tom Jobim, "Menino Triste", de Gracindo Jr. e Rildo Hora, "Pot-Pourri - Sorri (Charles Chaplin, J. Turner e G. Parsons - vrs. de Nazareno de Brito) / Lembrança (C. Martinez Gil e S. Costa Almeida) / Perfídia (Alberto Domingues - vrs. Lamartine Babo), "Canção Que Inspirou Você", de Toso Gomes e Antônio Correa, "Belo Horizonte Poema de Amor", de Édson Macedo, "Vou Brigar com Ela", de Lupicínio Rodrigues, "Balada do Trumpete", de Francisco Pisano e Ricardo Reis, "Poema de Luz", de Maria Helena Toledo e Nelsinho, e "A Vida Continua", de Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Um disco completo, com interpretações belíssimas (como em "Menino Triste" e "Samba do Avião") e com músicas que fazem de Cauby Peixoto um verdadeiro gênio da música brasileira, cuja obra e cujo talento certamente perpetuarão na história de nossa música e nossa cultura popular.

1 - Balada do Trumpete
2 - Vida Minha
3 - Samba do Avião
4 - Quem Foi
5 - Fim
6 - Pot-Pourri - Sorri / Lembrança / Perfídia
7 - Belo Horizonte Poema de Amor
8 - A Vida Continua
9 - Canção Que Inspirou Você
10 - Menino Triste
11 - Vou Brigar com Ela
12 - Poema de Luz

domingo, 28 de outubro de 2012

1966 - Compacto - Canto de Ossanha / Rosa Morena - Elis Regina

Oi pessoal! Neste finalzinho de domingo, meu aniversário por sinal, posto aqui no Blog uma preciosidade da carreira de Elis Regina, a cantora que, na minha opinião, é a melhor que o Brasil já teve. Aclamada, reverenciada, lembrada e adorada por milhares (senão milhões) de fãs durante sua carreira, Elis transformava lindas canções em verdadeiras pérolas musicais, emplacando inúmeros sucessos e lançando diversos compositores e cantores que marcaram a história da música brasileira. Seu repentino sucesso com "Arrastão", música vencedora do I Festival Nacional de MPB, organizado pela Tv Excelsior em 1965, revelou ao país a "pimentinha" talentosa que revolucionou a música brasileira com sua voz maravilhosa, sua interpretação única e emocionante (e emocionada, algumas vezes), além de sua ideologia e sua forma de ser, agir, pensar. Elis é única. É, porque nunca será esquecida, sua música jamais será deixada por aqueles que realmente apreciam e gostam de boa música brasileira. Após o sucesso de "Arrastão", Elis foi convidada a comandar o programa "O Fino da Bossa" pela Tv Record, ao lado do Zimbo Trio, de Jair Rodrigues, e inúmeros convidados ilustres que fizeram o público vibrar com os números mais maravilhosos que Dorival Caymmi, Edu Lobo, Agostinho dos Santos, Adoniran Barbosa, Elza Soares, Cyro Monteiro, Gilberto Gil, Baden Powell, enfim, puderam proporcionar ao público enquanto o programa esteve no ar, de 1965 a 1967. Nessa época, era muito comum os artistas lançarem diversos compactos com músicas que se tornavam sucessos nestes programas e, como as gravadoras não atendiam à demanda por gravações e lançamentos de discos, os cantores recorriam aos compactos (simples ou duplos) para "escoarem" de forma mais rápida ao público os principais sucessos alcançados, até o lançamento do long-play oficial. E em meio a este turbilhão que sacudiu o cenário musical brasileiro dos anos 1960, está este compacto, gravado ao vivo no Teatro Record (o mesmo teatro que era utilizado para as gravações do "Fino da Bossa") em 1966, cujo registro permaneceu esquecido nos sulcos deste velho compacto, até ser totalmente remasterizado pela Philips em 2002, mais de 35 anos após o seu lançamento. E porque este compacto é tão especial pra mim? Primeiro, por representar uma das melhores fases da carreira de Elis, na minha opinião. Segundo, por trazer ao público pela primeira vez, o sucesso de "Canto de Ossanha", de Baden Powell e Vinicius de Moraes na voz de Elis, além do clássico de Dorival Caymmi, "Rosa Morena", no lado B deste compacto, com uma interpretação alegre, contagiante de Elis. Enfim, um disquinho muito bom, que vale a pena ser lembrado, ouvido e referenciado por tudo aquilo que ele representa, em termos de música brasileira, em termos de talento, e em termos de Elis Regina.

1 - Canto de Ossanha
2 - Rosa Morena

domingo, 21 de outubro de 2012

1961 - Por Ti - Orlando Silva

Oi pessoal! Neste domingo, posto aqui no Blog mais uma preciosidade de nossa música brasileira, mais um disco do "cantor das multidões" Orlando Silva. Dono de uma voz grave, característica marcante de sua carreira, Orlando Silva iniciou sua carreira ainda na década de 1930, participando de programas de Rádio, em especial o de Francisco Alves na então Rádio Cajuti, gravando seu primeiro disco pela RCA Victor apenas 7 meses após o início de sua carreira. Em 1936, foi convidado a gravar para o filme "Cidade Mulher", da Brasil Vita, as músicas "Cidade Mulher" e "Dama do Cabaré", ambas de autoria do sambista Noel Rosa, além de participar da inauguração da Rádio Nacional, assinando contrato com a rádio na mesma ocasião. No ano seguinte, Orlando grava com acompanhamento da Orquestra Victor brasileira, a valsa "Lábios Que Beijei", de J. Cascata e Leonel Azevedo, transformando-se num dos maiores sucessos de sua carreira, além de "Juramento Falso", também de J. Cascata e Leonel Azevedo, que com o acompanhamento de Radamés Gnatalli, integrou o lado A deste mesmo disco. Neste ano, recebeu do locutor Oduvaldo Cozzi o apelido pelo qual se tornou conhecido durante toda sua carreira, "o cantor das multidões" em função de uma apresentação realizada no bairro do Brás, em São Paulo, onde estiveram presentes mais de dez mil pessoas para ouvi-lo cantar da sacada do Teatro Colombo. Ainda neste mesmo ano, no ápice de sua carreira, gravou as músicas "Rosa" e "Carinhoso", de Pixinguinha, sendo o primeiro cantor a gravá-las, além de "Alegria", de Assis Valente e Durval Maia, "Boêmio", de Ataulfo Alves e J. Pereira, "Aliança Partida", de Benedito Lacerda e Roberto Martins, e "Amigo Leal", de Benedito Lacerda e Aldo Cabral. Em 1938, participou do filme "Bananas da Terra", dirigido por J. Rui, com a música "A Jardineira", de Benedito Lacerda e Humberto Porto, que viria a ser a marchinha de maior sucesso do ano seguinte, e uma das músicas de sua autoria mais lembradas de sua carreira. Neste ano de 1938, estourou no carnaval a marchinha "Abre a Janela", de Arlindo Marques Júnior e Alberto Roserti, interpretada por Orlando, além de ter gravado com muito sucesso as músicas "Caprichos do Destino", de Claudionor Cruz e Pedro Caetano, "Errei, Erramos", de Ataulfo Alves, e "Nada Além", de Custódio Mesquita e Mário Lago. Consagradíssimo como um dos maiores cantores brasileiros da década de 1930, ao lado de Francisco Alves, Mário Reis e Vicente Celestino, Orlando Silva prosseguiu com sua carreira magnífica nas décadas seguintes, emplacando grandes sucessos e lançando discos memoráveis, sendo que um deles, o LP "Por Ti", é o tema escolhido como postagem de hoje. Lançado pela RCA Victor em 1961, o disco traz, além da interpretação perfeita de Orlando Silva, as músicas "Chora Cavaquinho", de Waldemar de Abreu, "Por Ti", faixa-título do disco, de Sá Roriz e Leonel Azevedo, "Naná", de Geysa Bôscoli, Jardel Jércolis e Custódio Mesquita, "Tristeza", de J. Cascata e Cristóvão de Alencar, "O Prazer É Todo Meu", de Ataulfo Alves e Claudionor Cruz, "Amigo Infiel", de Aldo Cabral e Benedito Lacerda, "História de Amor", de Humberto Porto e J. Cascata, "Perdão Amor", de Lamartine Babo, e "Lágrima de Rosa", de Kid Pepe e Dante Santoro. Um disco fantástico, que traz o "cantor das multidões" em sua interpretação única, em um disco envolvente, emocionante e, é claro, com eternos sucessos da carreira de Orlando Silva.

1 - Por Ti
2 - Chora Cavaquinho
3 - Naná
4 - Lágrima de Rosa
5 - Tristeza
6 - Apoteose do Amor
7 - Meu Coração aos Teus Pés
8 - Amigo Infiel
9 - Perdão Amor
10 - O Prazer É Todo Meu
11 - Deusa do Cassino
12 - História de Amor

domingo, 14 de outubro de 2012

1957 - Uma Voz e Seus Sucessos - Agostinho dos Santos

Oi pessoal! Neste domingo, posto aqui no Blog mais um disco paulista Agostinho dos Santos, um dos maiores cantores brasileiros e uma das grandes vozes de nossa música brasileira. Como crooner de orquestra, iniciou sua carreira no início da década de 1950, sendo contratado nesta época pelas Rádios América de São Paulo e Nacional Paulista, por onde tornou-se conhecido do público e sua voz ganhou os quatro cantos do Brasil. Em 1953, Agostinho gravou seu primeiro disco pela gravadora Star, com o samba de Sereno e Manoel Ferreira, "Rasga Teu Verso". Em 1955, foi ao Rio de Janeiro cantar com Sylvia Telles, Ângela Maria e a Orquestra Tabajara na Rádio Mayrink Veiga, assinando neste mesmo ano contrato com a gravadora Polydor, lançando a toada "O Vendedor de Laranjas", de Albertinho e Heitor Carilho, e o fox "A Última Vez Que Vi Paris", de J. Kern (versão de Haroldo Barbosa). No ano seguinte, gravou seu primeiro sucesso, a valsa "Meu Benzinho", de Hawe, Gussin e Caubi de Brito, ganhando por causa do sucesso desta canção o Troféu Roquette Pinto e seu primeiro Disco de Ouro da carreira. Neste mesmo ano, gravou sua primeira composição, o samba "Vai Sofrendo", escrita em parceria com Vicente Lobo e Osvaldo Morige. Em 1957, gravou juntamente a Orquestra de Valdomiro Lemke as músicas "Maria dos Meus Pecados", de Jair Amorim e Valdemar de Abreu, e "Chove Lá Fora", de Tito Madi, além de gravar também a marcha "Maria Shangay", do jornalista e colunista social Ibrahim Sued, de Alcyr Pires Vermelho e de Mário Jardim. Neste ano, Agostinho lança seu primeiro disco pela Polydor, com o sucesso de "Chove Lá Fora" e "Maria dos Meus Pecados", além de "O Amor Não Tem Juízo", de Fernando César, "Só Você", de Buck Itam e Ande Rand (versão de Julio Nagib), "Pra Lá e Pra Cá", de Mario Albanesi e Armando Blunde Bastos, "Esquecimento", de Nazareno de Brito e Fernando César, "Desolação", de Othon Russo, e "Concerto de Outono", de Camillo Bargoni e Danpa (versão de Julio Nagib). Um disco que, mesmo sendo de estréia de Agostinho, mostra um cantor de talento ímpar, um cantor seguro em sua interpretação e, é claro, uma voz belíssima, transformando canções em verdadeiras obras-primas de sua música. Para aqueles que não conhecem e nunca ouviram Agostinho dos Santos, este é um bom começo para se apreciar uma das melhores e maiores vozes de nossa música brasileira, cantor este que não pode ser esquecido, não pode ter seu trabalho perdido pelos anos e pelo público que, por tantas vezes, se emocionou e cantou junto com a voz e os sucessos de Agostinho dos Santos.

1 - Chove Lá Fora
2 - Maria dos Meus Pecados
3 - Desolação
4 - O Amor Não Tem Juízo
5 - Esquecimento
6 - Concerto de Outono
7 - Só Você
8 - Triste a Recordar
9 - Minha Oração
10 - Faz Mal Pra Mim
11 - Pra Lá e Pra Cá
12 - Três Marias

domingo, 7 de outubro de 2012

1960 - Sou Eu - Hebe Camargo

Oi pessoal! Neste domingo de eleições municipais, posto aqui no Blog um disco em homenagem à Rainha da Televisão brasileira, a paulista Hebe Camargo, que nos deixou no último dia 29, vítima de um ataque cardíaco. A manhã deste último sábado surpreendeu a todos com a triste notícia de sua morte, que abalou e comoveu todo o país como há muito não se via. Durante os últimos 2 anos, Hebe vinha lutando contra um câncer raro, instalado numa membrana abdominal denominada "peritônio", mas nem a doença pôde minimizar o brilho de sua alegria, sua personalidade marcante, sua irreverência. Considerada a Rainha da televisão, Hebe passou mais de 60 anos de sua vida dedicados a entreter o público com programas e entrevistas que levavam sua marca registrada em talento, simplicidade e muita alegria. E, embora seja conhecidíssima como a brilhante apresentadora, Hebe iniciou sua carreira como cantora na época do Rádio (década de 1940), cantando ao lado de sua irmã Estela na dupla Rosalina e Florisbela. Em 1950, Hebe gravou seu primeiro disco pela Odeon com os sambas "Oh! José", de Esmeraldino Sales e Ribeiro Filho, e "Quem Foi Que Disse", de G. de Aguiar e Valadares do Lago. Neste ano, o empresário Assis Chateaubriand trouxe ao Brasil os primeiros aparelhos e equipamentos de Tv dos Estados Unidos, montando a primeira emissora do país, a Tv Tupi, a qual Hebe foi chamada para a abertura das transmissões mas que, por causa de um amor da época, não compareceu à primeira transmissão, passando o bastão à sua amiga Lolita Rodrigues, que a substituiu cantando o hino da emissora. Durante toda a década de 1950, Hebe gravou alguns discos pela Odeon, destacando-se as músicas "Nem Eu", de Dorival Caymmi, "Boas Festas", de Assis Valente, e o samba "Madalena", de Osvaldo França e Blecaute. Em 1959, Hebe gravou, pela Polydor, as músicas "Quem É", de Osmar Navarro e Oldemar Magalhães, "Conversa", de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, e o "Samba Em Prelúdio" de Vinicius de Moraes e Baden Powell, lançando no final deste ano seu primeiro LP, "Hebe e Vocês". Em 1960, Hebe é convidada pela Odeon para voltar à gravadora, lançando o disco "Sou Eu", tema da postagem (homenagem de hoje), com destaque para as músicas "Quem É" e "Conversa", também gravadas anteriormente, além do sucesso de Dalva de Oliveira, "Hino ao Amor", música de Edith Piaf e Marguerite Monnot (versão de O. Marzano), e das músicas "Cupido Não Falhou", de Mário Gennari Filho e Maria Angelina, "Mundo Mau", de Sidney Morais e Julio Rosemberg, "Ausência de Você", de Sérgio Ricardo, "Encontro com a Saudade", de Billy Blanco e N. Queiroz, "Melodia Italiana", de Pinchi e D. Donida (versão de Augusto César), e "Lua Escura", de N. Miller (versão de Julio Nagib). Apesar de ser um dos primeiros discos de Hebe, este mostra o talento desta cantora que, até então, ainda se destacava e procurava reconhecimento do público e da crítica quanto às suas músicas e interpretações. Um disco que traz um pouco do talento e da música da Hebe cantora aos nossos ouvidos, acostumados com as entrevistas e com os programas marcantes que Hebe protagonizou e apresentou durante sua carreira. Um disco maravilhoso, de altíssimo nível e, é claro, que não deixa de ser uma "gracinha!" da carreira de Hebe Camargo, a Rainha da televisão brasileira, que tanto como cantora como apresentadora, soube passar ao publico brasileiro como ninguém sua simpatia, sua alegria, sua vontade de viver, durante estes mais de 60 anos de carreira.

1 - Quem É
2 - Cupido Não Falhou
3 - Conversa
4 - Lua Escura
5 - Encontro com a Saudade
6 - Ausência de Você
7 - Cantiga de Quem Está Só
8 - Creia
9 - Melodia Italiana
10 - Hino Ao Amor
11 - A Canção dos Seus Olhos
12 - Mundo Mau

domingo, 23 de setembro de 2012

1980 - Compacto - Trovoada - As Aparências Enganam - Tunai

Oi pessoal! Neste domingo, bem corrido por sinal, posto aqui no Blog um compacto de um cantor e compositor mineiro que ainda não havia aparecido por aqui. Trata-se de José Antonio de Freitas Mucci, mais conhecido como Tunai. Desde a infância, Tunai sempre gostou de se apresentar e lidar com música, mas foi só em 1977 quando seu irmão, o também cantor e compositor João Bosco lhe apresentou ao letrista Sérgio Natureza (com quem seria parceiro e co-autor de seus principais sucessos de sua carreira) que a música definitivamente faria parte da vida de Tunai. No ano seguinte, a música da dupla Tunai e Sérgio Natureza "Se Eu Disser" é gravada por Fafá de Belém e, em 1979, a música "As Aparências Enganam", também da dupla, foi gravada por Elis no LP "Elis, Essa Mulher!", alcançando enorme sucesso e prestígio entre os cantores e a crítica da época. E no início de 1980, neste período de ascensão musical na carreira de Tunai, a PolyGram lança um compacto com o sucesso de "As Aparências Enganam" no lado B e, no lado A, a ainda desconhecida "Trovoada", tão perfeita quanto a outra. Este compacto, apesar de ser o primeiro da carreira de Tunai, mostra o talento deste compositor e cantor mineiro que, mesmo não sendo muito lembrado pelo público nos dias de hoje, representa uma das maiores revelações da música brasileira da década de 1980. Um disco fantástico, que vale a pena ser lembrado, ouvido, guardado entre os melhores de sua prateleira.

1 - Trovoada
2 - As Aparências Enganam

domingo, 16 de setembro de 2012

2000 - Falando de Amor - Alaíde Costa

Oi pessoal! Neste domingo de inverno, típico de verão e muito calor, posto aqui no Blog mais um disco de uma cantora ainda inédita por aqui. Trata-se da carioca Alaíde Costa, uma das maiores cantoras brasileiras, também compositora, que com sua voz suave e marcante deixou seu nome gravado entre as maiores divas de nossa música. Sua carreira remonta meados da década de 1950, cantando como crooner em boates do Rio de Janeiro até que, em 1956, grava seu primeiro disco pela gravadora Mocambo, um velho 78 RPM, com as músicas "Tens Que Pagar", de Alaíde e Airton Amorim, e "Nosso Dilema", de Hélio Costa e Anita Andrade. Nos anos seguintes, grava mais alguns discos pela Odeon e RCA Victor até que, em 1959, por meio de João Gilberto, conhece os principais nomes do então movimento Bossa Nova, gravando em seu primeiro LP músicas que se tornariam marcos da Bossa Nova, como "Lobo Bobo", de Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli, e "Estrada Branca", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Ganhando popularidade e alcançando sucesso do público e crítica, Alaíde lança nos anos seguintes mais alguns discos, além de começar a se apresentar com a turma da Bossa Nova em shows pelo Rio de Janeiro. Em 1964, Alaíde participa do programa "O Fino da Bossa" no Teatro Paramount, promovido pela Tv Record de São Paulo, interpretando com grande repercussão no cenário musical da época a música "Onde Está Você", de Oscar Castro Neves e Luverci Fiori, obtendo com esta apresentação um contrato com a emissora. No ano seguinte, Alaíde lança o disco "Alaíde Costa" pela RGE, com as músicas "Terra de Ninguém" e "Preciso Aprender a Ser Só", ambas de Marcos & Paulo Sérgio Valle, e "Sonho de um Carnaval", de Chico Buarque, alguns dos maiores sucessos daquele ano. No ano seguinte, afastou-se do cenário musical devido problemas de saúde, voltando à ativa apenas 6 anos depois. Apesar do período de afastamento, Alaíde não perdeu o talento e a interpretação marcante que a consagrou em seu início de carreira, gravando após este reinício inúmeros sucessos e discos que a colocaram novamente em destaque no cenário musical. E, para homenagear esta cantora talentosíssima e pouco lembrada pela mídia atualmente, trago o disco "Falando de Amor", gravado originalmente em 1987 em Paris, mas lançado no Brasil apenas no ano 2000, com destaque para as músicas "Mentira de Amor", de Lourival Faissal e Gustavo de Carvalho, "Falando de Amor", de Tom Jobim, "Tudo Se Transformou", de Paulinho da Viola, "Contradição", de Elton Medeiros e Paulo César Pinheiro, "Amoroso", de Garoto e Luis Bittencourt, e "Noturna", de Guinga e Paulo César Pinheiro. Um disco maravilhoso, que mostra em resumo o talento, a voz pura e a interpretação marcante de Alaíde Costa.

1 - Absynto
2 - Tudo Se Transformou
4 - Contradição
5 - Noturna
6 - Amoroso
7 - Mentira de Amor
8 - Estrada do Sertão
9 - Amor É Outra Liberdade

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

1961 - A Meiga Elizete Nº 2

Oi pessoal! Nesta quarta-feira, posto aqui no Blog mais um disco da carioca Elizete Cardoso. Uma das mais importantes cantoras da história de nossa música brasileira, Elizete imortalizou com sua voz clássicos e lindas canções que, até hoje, são frequentemente lembrados, cantados e referenciados, sendo conhecida pelas alcunhas de "a Magnífica", "Mulata Maior", "a Enluarada" e "a Divina", apelido este que a consagrou. Já conhecida como cantora de choros, Elizete ganhou destaque no cenário musical no gênero samba-canção a partir da segunda metade da década de 1950, ao lançar os discos "Noturno" (1957), "Naturalmente" (1958) e o emblemático "Canção do Amor Demais" (1958), este com composições de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, que se tornou um dos marcos iniciais da bossa-nova. Em 1959, gravou as músicas Manhã de Carnaval e Samba de Orfeu para o filme Orfeu do Carnaval, de Marcos Camus, além de lançar o disco "Magnífica" no final deste mesmo ano. Em 1960, na Tv Continental, no Rio de Janeiro, a cantora estreou seu programa "Nossa Elizete", lançando neste mesmo anos os discos "A Meiga Elizete" e "Sax Voz", que alcançaram grande sucesso e tiveram seus segundos volumes lançados pela cantora no ano seguinte. E um deles, o disco "A Meiga Elizete Nº 2", lançado em 1961, traz a interpretação maravilhosa da cantora para as músicas "Deixa Andar", de Jujuba, "Moeda Quebrada" e "Tudo É Magnífico", ambas de Luis Reis e Haroldo Barbosa, "Esmola", de João Roberto Kelly, "Seu Olhar", de Laís Antunes, "Vagalumeando", de Paulo Roberto, "Nossa Vez de Amar", de Toso Gomes e Manoel da Conceição, e "A Flor do Amor", de Joluz e Waltel Branco. Um disco fantástico, maravilhoso, que traz a interpretação e o talento de Elizete em transformar músicas em verdadeiras jóias musicais.

1 - Deixa Andar
2 - Revelação
3 - Moeda Quebrada
4 - Ninguém Sabe de Nós
5 - Esmola
6 - Meu Amanhã
8 - Seu Olhar
9 - Vagalumeando
10 - Nossa Vez de Amar
11 - Cansei de Ilusões
12 - A Flor do Amor

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

1975 - Pixinguinha, de Novo - Altamiro Carrilho e Carlos Poyares

Oi pessoal! Nesta quinta-feira, posto mais uma homenagem a um dos maiores instrumentistas brasileiros, talvez do mundo, falecido no último dia 15 de agosto: Altamiro Carrilho. Flautista incomparável, Altamiro Carrilho nasceu em Santo Antônio de Pádua (RJ) e se especializou no instrumento que o levaria ao rol dos melhores músicos que o Brasil já viu e ouviu em sua história musical. Sua carreira iniciou-se em participações em programas de calouros no Rádio, conquistando o primeiro prêmio no programa Calouros em Desfile, comandado pelo compositor Ary Barroso na Rádio Cruzeiro do Sul. Se destacou como improvisador, participando de inúmeros trabalhos, discos e grupos musicais, gravando em 1949 seu primeiro choro, "Flauteando na Chacrinha", pela gravadora Star e montando no ano seguinte seu próprio conjunto na Rádio Guanabara. Em 1951, substituiu Benedito Lacerda no conjunto regional de Garoto, contratado pela Rádio Mayrink Veiga, onde pôde acompanhar nomes da música da época, como Vicente Celestino, Francisco Alves e Orlando Silva. Em 1955, formou a "Bandinha de Altamiro Carrilho", que durante os anos 1956 a 1958 ganhou grande prestígio e popularidade em seu programa "Em Tempo de Música", na Tv Tupi, lançando sucessos como "Rio Antigo", cujo disco vendeu mais de 960.000 cópias em apenas 6 meses. Na década de 1960, excursionou fora do Brasil e, nos anos 1970, tornou-se um dos flautistas mais solicitados como solista e acompanhante. Nos anos 1980, continuou gravando discos, especialmente dedicados ao choro, alcançando em 1997 o troféu Villa-Lobos com "Clássicos em Choro" (1979), como o melhor disco instrumental, ganhando o disco de ouro em "Clássicos em Choro Vol. 2" (1980). Sem dúvida, a morte de Altamiro Carrilho, um dos únicos em seu gênero, representa para a música brasileira uma perda imensa, que nunca será resposta, apenas lembrada por aqueles que têm na música de Altamiro Carrilho uma referência em termos de qualidade musical e talento. Carlos Poyares, por sua vez, também foi um dos grandes flautistas brasileiros, apresentando-se com grandes nomes da música brasileira, como Tom Jobim, Dolores Duran, Silvio Caldas, Nelson Gonçalves, Vicente Celestino, entre outros. Durante sua carreira, foi solista de diversos conjuntos, entre eles o do Regional de Canhoto pela Rádio Mayrink Veiga, entre os anos de 1957 e 1964. Um dos maiores historiadores e incentivadores do choro na música brasileira, Poyares ganhou inúmeros prêmios em sua carreira, além de excursionar e levar este gênero da música brasileira a diversos países do mundo ao longo de sua carreira. E, neste disco , em homenagem ao compositor e um dos criadores do choro brasileiro, o carioca Pixinguinha, estes dois grandes flautistas homenageiam o mestre com este disco composto por 12 composições de Pixinguinha, esbanjando talento, uma sinergia e musicalidade que poucos flautistas apresentaram na música brasileira. Um disco antológico, histórico, que registra o encontro destes dois ícones da flauta e do chorinho brasileiros, tendo como principal pano de fundo a preciosidade das composições do próprio Pixinguinha.

1 - Diplomata
2 - Recordações
3 - Te Encontrei
4 - A Vida É Um Buraco
5 - Sonhos
6 - Desencanto
7 - Não Me Digas
8 - Surravulho
9 - Um Chorinho Para Elizeth
10 - Inspiração
11 - Caixa Alta
12 - Salto do Grilo

terça-feira, 14 de agosto de 2012

1993 - Encontro Marcado - MPB-4 Canta Milton Nascimento

Oi pessoal! Nesta terça-feira, escolhi para postar aqui no Blog um disco em homenagem a um dos maiores cantores e instrumentistas brasileiros, Antônio José Waghabi Filho, o Magro, do grupo MPB-4, que faleceu no último dia 8 de agosto em São Paulo. Sua história se mistura à história do grupo, do qual fez parte desde o início, em 1963, e à própria história da MPB. Durante a década de 1960, o grupo se firmou no cenário musical com sua formação original: Ruy (1ª voz), Magro (2ª voz e direção musical), Aquiles (3ª voz) e Miltinho (4ª voz). Neste período, o grupo se tornou conhecido nacionalmente com a participação nos festivais de música, lançando sucessos que até hoje estão na cabeça do público, como "Canção de Não Cantar", no II Festival de MPB, em 1966, "Roda Viva", apresentada com Chico Buarque, e "Gabriela", no III Festival de MPB, de 1967, dentre outras, além de lançar seus primeiros long-plays. Nos anos 1970 e 1980, o grupo continuou sua carreira de sucesso lançando diversos discos que marcaram sua música, como os LP's "Deixa Estar" (1970), "...De Palavra em Palavra" (1971), "Cicatrizes" (1972), "Dez Anos Depois (1975), "Cobra de Vidro" (1978) - com Quarteto em Cy, "Vira Virou" (1980), "Tempo Tempo" (1981), "Caminhos Livres" (1983), "4 Coringas" (1984), "Feitiço Carioca - Do MPB-4 para Noel Rosa" (1987) e "Ao Vivo - Do Show Amigo É Pra Essas Coisas (1989). No início da década de 1990, o grupo gravou o primeiro CD da carreira, "Sambas da Minha Terra" (1991), com músicas de Toquinho, Vinicius de Moraes, Zé Ketti, Dorival Caymmi e Ary Barroso, até que em 1993, gravou o álbum tema da postagem de hoje, com grandes sucessos da música de Milton Nascimento. Este disco, que na minha opinião é uma das obras-primas do MPB-4, nos mostra o talento o grupo em dar uma interpretação perfeita às músicas de Milton, como em "Milagre dos Peixes", "Sentinela", "Cravo e Canela", "Moreno", "Maria, Maria", "Fé Cega, Faca Amolada", "Paula e Bebeto", "Beco do Mota", "O Cio da Terra", "Canção da América", "Coração de Estudante", "San Vicente", "Vera Cruz" e "Nada Será Como Antes". Um disco fantástico, perfeito, tanto quanto ao repertório que sintetiza a obra de Milton Nascimento em 16 faixas muito bem escolhidas, como pela interpretação característica do grupo que soube, como poucos, dar às músicas de Milton uma nova interpretação como conjunto, como grupo, mantendo em todas elas a originalidade do compositor e a musicalidade original. Um trabalho que, na minha opinião, é um dos melhores do MPB-4, com um valor histórico e musical imenso, e que por ser um disco tão perfeito, merece aqui homenagear este artista, cantor e instrumentista que em sua trajetória musical aprendeu a encantar o público e a crítica com sua genialidade e talento. Uma homenagem do Blog da Música Brasileira ao eterno Magro, do MPB-4, da música genuinamente brasileira.

1 - Cais (Vinheta) / Milagre dos Peixes
2 - Fé Cega, Faca Amolada
3 - Nada Será Como Antes
4 - Canção da América
5 - Sentinela
6 - Coração de Estudante
7 - Cravo e Canela
8 - Vera Cruz
9 - Beco do Mota
10 - Canções e Momentos
11 - Maria, Maria
12 - Moreno
13 - O Cio da Terra
14 - Paula e Bebeto
15 - San Vicente
16 - Travessia / Cais (Vinheta)

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

2007 - Samba Meu - Maria Rita

Oi pessoal! Nesta segunda, posto aqui no Blog mais um disco da cantora Maria Rita. Filha do pianista, arranjador e compositor César Camargo Mariano e da cantora Elis Regina, Maria Rita herdou dos pais o talento e a vocação à música brasileira. Sua carreira iniciou-se em 2002, apresentando-se com o violonista Chico Pinheiro e com a cantora Luciana Alves nas noites de segunda-feira em São Paulo no Espaço Supremo Musical e, no Rio de Janeiro, no Mistura Fina. Também participaram do projeto "Mostra SESC de Artes - Ares e Pensares", promovido pelo SESC Vila Mariana, na capital paulista. Em 2003, Maria Rita participou do disco "Pietà", de Milton Nascimento, como também da turnê no Canecão, no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano, Maria Rita gravou seu primeiro disco, alcançando um enorme sucesso de público e crítica e a marca de 100.000 cópias vendidas em apenas uma semana depois do lançamento oficial. No final do ano, estreou a turnê nacional de seu primeiro disco no Canecão, no Rio e, no ano seguinte, a música "Encontros E Despedidas", de Milton Nascimento e Fernando Brandt, foi escolhida como tema de abertura da novela das 21:00 da Tv Globo, "Senhora do Destino", alcançando enorme visibilidade em âmbito nacional. Ainda em 2004, Maria Rita recebeu o Grammy Latino na categoria Artista Revelação, ganhou o prêmio de melhor álbum de MPB do ano, além de ter a música "A Festa", de Milton Nascimento, gravada em seu primeiro disco "Maria Rita" ser a escolhida como a Melhor Canção Brasileira do Ano. Em 2005, lançou o CD "Segundo", produzido por Lenine - que também era dedicado à memória do produtor do primeiro disco da cantora, falecido no ano anterior, Tom Capone -, iniciando ainda no mesmo ano turnê nacional do show novamente no Canecão, Rio de Janeiro. No ano seguinte, lançou o DVD "Segundo Ao Vivo", gravado no Claro Hall, Rio de Janeiro, com os músicos Tiago Costa (piano), Sylvio Mazzuca (contrabaixo) e Cuca Teixeira (percussão e bateria). Finalmente, em 2007, temos o lançamento do disco "Samba Meu", tema da postagem de hoje. Com tiragem inicial de 125 mil cópias, o disco traz os sucessos de "Tá Perdoado", de Arlindo Cruz e Franco, "Maltratar Não É Direito", de Arlindo Cruz e Franco, "O Homem Falou", de Gonzaguinha e"Num Corpo Só", de Arlindo Cruz e Picolé, além de "Samba Meu", de Rodrigo Bittencourt, "Cria", de Cesar Belieny e Serginho Meriti, "Novo Amor", de Eduardo Krieger, "O Que É O Amor", de Arlindo Cruz, Maurição e Fred Camacho, e "Casa de Noca", de Nei Jota Carlos, Elson do Pagode e Meriti. Apesar de representar uma fase de transição e de afirmação de estilo por Maria Rita, este disco mostra uma cantora já consagrada pelo público, que aprendeu a gostar, admirar e cantar as músicas de Maria Rita sem, até, se lembrar que é filha de grandes artistas. Um público (da qual faço parte) que encontra em Maria Rita um talento nato em cantar e encantar a todos com sua voz, sua interpretação, suas músicas, seu carisma.

1 - Samba Meu
2 - O Homem Falou
3 - Maltratar Não É Direito
4 - Num Corpo Só
5 - Cria
6 - Tá Perdoado
7 - Pra Declarar Minha Saudade
8 - O Que É O Amor
9 - Trajetória
10 - Mente Ao Meu Coração
11 - Novo Amor
12 - Maria do Socorro
13 - Corpitcho
14 - Casa de Noca

domingo, 29 de julho de 2012

1991 - O Planeta Blue Na Estrada do Sol - Milton Nascimento

Oi pessoal! Neste domingo de sol, calor, típico de verão (em pleno inverno, diga-se de passagem), depois da postagem de ontem, nada melhor que postar mais um disco do também mineiro Milton Nascimento. Dono de um talento em compor, cantar e transformar realidades da simplicidade mineira em verdadeiras obras-primas, em músicas que se transformaram e se estabeleceram na cabeça das pessoas, como "Canção da América", "Maria, Maria", "Caçador de Mim", "Coração de Estudante", "Cais", "Travessia", "Nos Bailes da Vida", entre tantas outras. Com mais de 40 anos de estrada, Milton se transformou num dos grandes ícones da música brasileira, desde a época dos grandes festivais dos anos 60, passando pelos anos de afirmação e confirmação de sua música durante a década de 70, marcados por discos como "Clube da Esquina", "Minas", "Geraes" e "Milagre dos Peixes", discos estes que pra mim são verdadeiras jóias da música de Milton, até chegar a "Sentinela" (1980) e "Caçador de Mim" (1981), trabalhos que admiro e que colocam Milton entre os preferidos da minha estante. Na década de 1980, Milton lança outros tantos trabalhos de sua extensa discografia, como os discos "Anima" e "Missa dos Quilombos", ambos de 1982. Em 1983 realizou um no Anhembi, que contou com a participação especial de Gal Costa e que gerou o disco "Milton Nascimento Ao Vivo", além de participar na "Noite Brasileira" do Festival de Montreux, na Suiça, gerando o disco "Brazil Night - ao vivo de Montreux". Nos anos de 1985 e 1986, gravou, respectivamente, os discos "Encontros e Despedidas" e "A Barca dos Amantes", outras duas pérolas de sua carreira, discos estes que trazem grandes sucessos de sua música. Nos anos seguintes, continua gravando e lançando novos trabalhos, como os discos "Yauaretê" (1987), "Miltons" (1988) e "Txai" (1990), embora não tenham alcançado grande sucesso de público e crítica como os discos anteriores. Em 1991, lançou o disco "O Planeta Blue na Estrada do Sol", gravado ao vivo no Teatro Cultura Artística, e que é tema da postagem de hoje. Embora seja um disco não muito conhecido de Milton, traz as canções "Canção do Sal", em homenagem à Elis Regina, que foi a primeira grande cantora a gravar uma música de Milton, em 1966, no disco "Elis", lançado naquele ano, "Luar do Sertão", de Catullo da Piaxão Cearense, "Estrada do Sol", de Dolores Duran e Tom Jobim e "Hello, Goodbye", sucesso dos "The Beatles", de Lennon e McCartney, além de "Um Índio", de Caetano Veloso, "Brejo da Cruz", de Chico Buarque, e "Planeta Blue", de Milton e Fernando Brandt. Um disco muito bom, interessante, diversificado, com a marca e o talento inconfundível do mineiro Milton Nascimento.

1 - Vevecos, Panelas e Canelas
2 - Um Índio
3 - Planeta Blue
4 - Canção do Sal
5 - Ponto de Encontro
6 - Luar do Sertão
7 - Brejo da Cruz
8 - Quem É Você
9 - Beatriz
10 - Estrada do Sol
11 - Hello, Goodbye

sábado, 28 de julho de 2012

1972 - Lô Borges

Oi pessoal! Neste sábado de sol, trago aqui no Blog um disco de um cantor ainda inédito por aqui, do mineiro Salomão Borges Filho, também conhecido como Borges. Com apenas 19 anos, integrou o grupo de músicos (em sua maioria de mineiros) liderado por Milton Nascimento e que juntamente com o irmão, Marcio Borges, Wagner Tiso, Beto Guedes, Túlio Mourão, Fernando Brandt, Toninho Horta e Ronaldo Bastos, gravou em 1972 no Rio de Janeiro, o antológico disco "Clube da Esquina", o qual impulsionou as carreiras do próprio Borges, Wagner Tiso, Beto Guedes, Toninho Horta, entre outros. Este movimento musical ficou conhecido pelo nome dado ao disco, "Clube da Esquina", e que se origina da esquina entre as ruas Paraisópolis e Divinópolis, no bairro de Santa Tereza, em belo Horizonte, lugar marcado como ponto de encontro deste grupo de músicos. Logo após o lançamento do disco "Clube da Esquina" e o repentino sucesso de público e crítica, Borges grava pela Odeon o seu primeiro disco solo, tema da postagem de hoje. Apesar de contar com apenas 20 anos de idade, Borges mostra neste trabalho o talento de um jovem músico, colocando toda sua criatividade musical nas 15 músicas deste disco, as quais merecem destaque: "O Caçador", "Canção Postal", "Homem da Rua", "Faça Seu Jogo", "Você Fica Bem Melhor Assim" e "Não Se Apague Esta Noite". Um disco fantástico, um disco que mostra o talento de um compositor e cantor que, desde cedo, soube mostrar sua música, a música de Minas, a música do grupo do Clube da Esquina.

1 - Você Fica Bem Melhor Assim
2 - Canção Postal
3 - O Caçador
4 - Homem da Rua
5 - Não Foi Nada
6 - Pensa Você
7 - Fio da Navalha
8 - Pra Onde Vai Você
9 - Calibre
10 - Faça Seu Jogo
11 - Não Se Apague Esta Noite
12 - Aos Barões
13 - Como o Machado
14 - Eu Sou Como Você É
15 - Toda Essa Água

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Feliz Aniversário, 2 Anos do Blog da Música Brasileira!

Oi pessoal! Nesta quinta-feira, dia 19 de julho, comemoramos mais um aniversário do Blog da Música Brasileira. E, depois de todo este tempo, só temos a agradecer a todos os que participam, colaboram, dão suas sugestões e visitam este Blog. Muito obrigado a todos! Este Blog tem a finalidade de mostrar, relembrar, resgatar e até divulgar discos, compositores, cantores, músicos, que fazem da nossa música brasileira uma das mais ricas e variadas culturas musicais. Desde a música caipira, o samba do morro, a bossa nova, a velha e a nova MPB, a música brasileira apresenta em seus vários ritmos (baião, romântico, rock, etc.) as dificuldades do nosso povo, o amor, a dor, a paixão, a conquista, a perda, o sofrimento e, é claro, a enorme criatividade em fazer da música brasileira atual cada vez mais moderna, atrativa, sem esquecer daqueles que foram os precursores do que chamamos de música brasileira na atualidade. Artistas estes que são até hoje reverenciados, lembrados, no rádio, na televisão, outros que foram esquecidos, que são velhas recordações em discos, filmes, apresentações, memórias, mas que o Blog da Música Brasileira tem o prazer de trazer a todos vocês, leitores deste trabalho. Enfim, dois anos em que aprendi muito sobre nossa música e que, espero, tenha compartilhado com vocês um pouco deste mundo maravilhoso que é a nossa música brasileira. E tem muito mais vindo por aí! Em breve, trarei novos discos, curiosidades, artistas e músicas que fizeram história em nossa música. Muito obrigado a todos vocês que fazem parte deste trabalho!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

1977 - Atrás da Porta - Nana Caymmi

Oi pessoal! Nesta segunda-feira de frio e chuva, típica do inverno paulista, posto aqui no Blog mais um disco da cantora baiana Nana Caymmi. Filha do cantor e compositor Dorival Caymmi, Nana herdou do pai o dom da musicalidade e o talento nato de cantar. Sua carreira remonta o início dos anos 1960, ao gravar ao lado de Caymmi a música "Acalanto", no LP "Eu Não Tenho Onde Morar", do próprio Caymmi, além de lançar seu primeiro disco com as músicas "Adeus", de Dorival Caymmi, e "Nossos Beijos", de Hianto de Almeida e Macedo Norte. Neste mesmo ano, assinou contrato com a Tv Tupi, apresentando-se no programa "Sucessos Musicais" e no programa "A Canção de Nana", este ao lado do irmão Dori Caymmi. Em 1964, após uma temporada na Venezuela e o nascimento de seus primeiros filhos, participa com seu pai e seus irmãos Dori e Danilo no disco "Caymmi visita Tom e leva seus filhos Nana, Dori e Danilo". No ano seguinte, grava seu primeiro LP solo "Nana", pelo selo Elenco e em 1966, vence o I Festival Internacional da Canção, promovido pela Tv Globo, com a música "Saveiros", de Dori Caymmi e Nelson Motta. Neste ano, casa-se pela segunda vez com o cantor e compositor Gilberto Gil, com quem compôs e apresentou no III Festival de Música Popular Brasileira, de 1967, a música "Bom Dia". Em 1968, separou-se de Gilberto Gil e estreou no Rio de Janeiro a temporada de shows "Barroco", fazendo uma temporada de shows pelo Uruguai com Dori Caymmi dois anos depois, participando também do espetáculo "Mustang Cor de Sangue", com Marcos & Paulo Sérgio Valle e o grupo Apolo 3 no mesmo ano. Em 1971, participou da II Bienal do Samba com a música "Morena do Mar", do pai Dorival Caymmi, voltando neste mesmo ano ao Uruguai para novas temporadas e apresentando-se com muito sucesso na Argentina, em 1973. No ano seguinte, retorna à Argentina, onde se apresenta com o conjunto argentino Camerata e lança o disco "Nana Caymmi", o qual alcançou mais de 20 mil cópias vendidas. Este mesmo disco, que é o tema da postagem de hoje, foi relançado aqui no Brasil três anos mais tarde com o título "Atrás da Porta", referente à música de Chico Buarque que fez grande sucesso na voz de Elis alguns anos antes. Neste disco, Nana traz alguns grandes da música do velho Caymmi, com sua interpretação única, como em "Dora", "Nunca Mais", "Rosa Morena" e "Vestido de Bolero", além de "Atrás da Porta", "Saia do Caminho", de Evaldo Ruy e Custódio Mesquita, sendo um dos maiores sucessos de Isaura Garcia, a clássica "Por Causa de Você", de Tom Jobim e Dolores Duran, "Diz Que Fui Por Aí", de Zé Ketti e H. Rocha, "Ahiê", de Eumir Deodato e João Donato e, fechando com chave de ouro, "Pra Você", de Silvio Cesar, que na minha opinião, é a melhor do disco. Apesar de não muito conhecido, este disco é uma obra-prima, que vale a pena conhecer, não só pelas músicas que o disco traz, como também pela interpretação, pelo talento e pela forma com que Nana Caymmi transforma grande músicas em verdadeiras jóias de nossa música brasileira.

1 - Cala Boca Menino
2 - Saia do Caminho
3 - Ahiê
4 - O Amor É Chama
5 - Rosa Morena
6 - Nunca Mais
7 - Atrás da Porta
8 - Vestido de Bolero
9 - Dora
10 - Por Causa de Você
11 - Diz Que Fui Por Aí
12 - Pra Você