Oi pessoal! Neste final de domingo, escolhi para homenagear um dos maiores gênios de nossa música brasileira, o paulista Adoniran Barbosa, que nos deixou há 30 anos, completados na última sexta-feira, 23 de novembro. Nascido na cidade de Valinhos em 6 de agosto de 1910, João Rubinato iniciou sua carreira artística em 1933 ao participar de um programa de calouros na antiga Rádio Cruzeiro do Sul, cantando o samba "Filosofia", de Noel Rosa. Segundo o próprio Adoniran, ele só foi aprovado neste programa porque o responsável pelo gongo estava dormindo na ocasião. Dois anos depois, sua primeira composição "Dona Boa" foi gravada por Raul Torres pela Columbia, além de que, neste mesmo ano, passa a usar o pseudônimo de Adoniran Barbosa, que marcaria sua vida e carreira artística, em homenagem ao amigo Adoniran Alves e ao cantor e compositor Luiz Barbosa. Entre os anos de 1935 e 1940, trabalhou na Rádio Cruzeiro do Sul como cantor e animador de programa, até que em 1941 foi levado à Rádio Record por convite de Otávio Gabus Mendes para fazer radioteatro.Em 1943, o grupo "Demônios da Garoa" foi formado, onde Adoniran permaneceu atuando com o grupo animando torcidas em jogos de futebol pelo interior paulista. Participou de dois filmes, ainda na década de 1940 - "Pif Paf" (1945) e "Caídos do Céu" (1946) - e, em 1951, Adoniran gravou seu primeiro disco, pela Continental, contendo as músicas "Os Mimosos 'colibri'", de Hervé Cordovil e Osvaldo Moles, e "Saudade da Maloca", de sua própria autoria. Ainda no mesmo ano, o samba "Malvina", de sua autoria, foi premiado no Carnaval, sendo gravado pelos "Demônios da Garoa" pelo selo Elite Especial. No ano seguinte, também pela Continental, Adoniran grava dois de seus maiores sucessos: o famoso "Samba do Arnesto", de sua autoria com Alocin - em homenagem ao amigo Ernesto Paulelli, morador do bairro da Móoca (não no Brás, como diz a música), que diz que nunca deu um "bolo" em Adoniran e que, interrogado a respeito do motivo da música conter este fato, o compositor respondeu assim "ora, Arnesto, se não tivesse mancada, não tinha samba!" - e o samba "Joga a Chave", de sua autoria com Osvaldo França. Em 1955, o grupo dos "Demônios da Garoa" gravaram um disco contendo "Saudosa Maloca" e "Samba do Arnesto", onde alcançaram enorme sucesso ao apresentá-las no programa de Manoel de Nóbrega na Rádio Nacional, trazendo por conseqüência ao compositor, enorme prestígio e reconhecimento. Durante os anos seguintes, a popularidade e o prestígio de Adoniran só foram aumentando, com as gravações dos seus sambas "As Mariposa" (1955), "Um Samba no Bixiga" (1956), "Iracema" (1956), "Bom Dia, Tristeza" (1956), em parceria com Vinicius de Moraes, "Pafunça" (1958), "Tiro Ao Álvaro" (1960), entre tantos outros. Sua carreira e seu sucesso só aumentou durante a década de 1960, chegando até ter uma música de sua autoria com Osvaldo Moles, "Mulher, Patrão e Cachaça", defendida na I Bienal do Samba pelos "Demônios da Garoa", realizada em 1968 pela Tv Record, que mesmo não classificada, deu origem a um compacto gravado na ocasião. Na década de 1970, gravou dois discos antológicos, com 12 sambas de sua autoria cada, que até hoje representam um dos melhores registros musicais do compositor. Em 1977, apresentou-se no Teatro 13 de Maio, no Bixiga, ao lado de Cartola, Nelson Cavaquinho, Zé Kétti, Mário Lago e Carlos Cachaça, num encontro histórico para o samba e a música brasileira. Finalmente, em 10 de março de 1979, teve seu último show gravado ao vivo, ao lado do Grupo Talismã, no Teatro Cabaré, em São Paulo, registrado em disco apenas em 1990 pela RGE. E este disco, tema da postagem de hoje, traz um Adoniran já debilitado pela idade (podemos identificar pela sua voz já cansada e fraca), mas que traz ainda suas piadas, sua irreverência, seu jeito inconfundível de ser, falando que só ia cantar se o público pedisse "Canta, meu amor!". Além dos seus sambas já consagrados, como "Trem das Onze", "As Mariposa", "Um Samba No Bixiga", "Samba do Arnesto", "Iracema" e "Samba do Metrô", temos como destaque as inéditas "Viaduto Santa Ifigênia", "Rua dos Gusmões" e "Despejo Na Favela". Um disco interessante, gostoso de ouvir, que traz o registro inédito de um show na íntegra de Adoniran, mostrando suas músicas, seus sucessos e seu jeito único de se apresentar e de fazer a platéia rir e se divertir. E, mesmo após 30 anos, sua música continua sendo atual, caracterizada como um retrato da cidade de São Paulo e sua gente, seus costumes, suas histórias. Um dos maiores e melhores compositores de sambas de nossa música brasileira, que assumiu a "terra da garoa" como pano de fundo às suas criações maravilhosas, atemporais e inesquecíveis.
1 - Abertura / Trem das Onze (Adoniran Barbosa)
2 - Já Fui Uma Brasa (Adoniran Barbosa / Marcos Cesar)
3 - As Mariposa (Adoniran Barbosa)
4 - Um Samba No Bixiga (Adoniran Barbosa)
5 - Samba Italiano (Adoniran Barbosa)
6 - Bom Dia, Tristeza (Adoniran Barbosa / Vinicius de Moraes)
7 - Apaga o Fogo Mané (Adoniran Barbosa)
8 - Samba do Arnesto (Adoniran Barbosa / Alocin)
9 - Despejo Na Favela (Adoniran Barbosa)
10 - Uma Simples Margarida (Samba do Metrô) (Adoniran Barbosa)
11 - Viaduto Santa Ifigênia (Adoniran Barbosa / Alocin)
12 - Iracema (Adoniran Barbosa)
13 - Rua dos Gusmões (Adoniran Barbosa)
Muito bom
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