quarta-feira, 11 de março de 2015

1958 - Vamos Falar de Brasil - Inezita Barroso

Oi pessoal! É com eterna saudade que faço aqui no Blog uma singela homenagem à cantora Inezita Barroso, que nos deixou no último dia 8 de março, e que fez da música caipira sua vida, seja em suas músicas ou em entrevistas no lendário "Viola, Minha Viola", programa que apresentou por quase 35 anos na Tv Cultura nos domingos de manhã. Sua carreira teve início aos nove anos de idade, levada pelo pai a se apresentar na Rádio São Paulo no programa do Capitão Furtado. Nos anos seguintes, continuou a se apresentar esporadicamente em programas de rádio, cantando, tocando ou como professora de música. Em 1950, após participar como atriz do filme "Angela", de Tom Payne e Abílio Pereira de Almeida (cantando as músicas "Quem É", de Marcelo Tupinambá, e "Enquanto Houver", de Evaldo Ruy), foi convidada por Vicente Leporace e Evaldo Ruy para participar de um especial na Rádio Bandeirantes, em homenagem ao compositor Noel Rosa. Em 1951, Inezita foi convidada a gravar seu primeiro disco pela Sinter, com as músicas "Funeral De Um Rei Nagô", de Hekel Tavares e Murilo Araújo, e "Curupira", de Waldemar Henrique. Em seguida, viajou com o marido para o nordeste brasileiro, onde conheceu o compositor Capiba, que a convidou para realizar um recital no teatro Santa Izabel, em Recife. No ano seguinte, Inezita assina contrato com a Rádio Nacional de São Paulo, participando da inauguração da emissora. Um ano mais tarde, muda-se para a Rádio Record, apresentando pela primeira vez um programa de auditório, com arranjos de Hervê Cordovil, além de ingressar na gravadora RCA Victor. Ainda em 1953, gravou três discos pela nova gravadora, com destaque para a gravação de dois dos maiores sucessos da carreira de Inezita, "Marvada Pinga", de Cunha Jr., e "Ronda", de Paulo Vanzolini, além de participar do filme "Mulher de Verdade", de Alberto Cavalcanti, ganhando após o lançamento deste o Prêmio Saci de melhor atriz. Em 1954, gravou mais quatro discos pela RCA Victor, além de conquistar os prêmios Roquette Pinto (melhor cantora de rádio de música popular brasileira) e Guarani (melhor cantora de disco), participar do filme "É Proibido Beijar", de Ugo Lombardi (interpretando o baião "João Baiano", de Betinho), e de fazer sua estréia na televisão participando do programa "Afro" pela Tv Tupi. A partir deste mesmo ano, passou a apresentar o programa "Vamos Falar de Brasil" na Tv Record, considerado o primeiro programa totalmente dedicado à música da Tv brasileira. No ano seguinte, Inezita gravou diversas músicas com temas relacionados ao folclore brasileiro, ingressando na gravadora Copacabana ainda em 1955 e lançando seu primeiro LP, "Inezita Barroso". Em 1956, lançou o disco "Danças Gaúchas", dedicado a temas tradicionais gaúchos, acompanhada pelo grupo folclórico de Barbosa Lessa, por Luis Gaúcho na sanfona e pelos Titulares do Ritmo no coral, além do LP "Vamos Falar de Brasil", o qual trouxe o clássico "Tristeza do Jeca" (Angelino Oliveira) na interpretação antológica de Inezita. Neste mesmo ano, a gravadora RCA Victor lançou o LP "Coisas do Meu Brasil", com uma coletânea de antigas gravações de Inezita, como "Estatutos da Gafieira" (Billy Blanco) e "Moda da Pinga", entre outras. Também neste ano levou o Prêmio Roquette Pinto como a melhor intérprete de música popular, além de publicar o livro "Roteiros de Um Violão". No ano seguinte, Inezita excursionou pelo Brasil, aumentando seu repertório com novos temas folclóricos ao percorrer o nordeste brasileiro, além de ganhar mais uma vez o troféu Roquette Pinto e o Prêmio Guarani. Finalmente, em 1958, é lançado pela Copacabana o disco que é tema da postagem de hoje. Além de trazer o sucesso de "Moda da Pinga", o disco trás ainda os sucessos de "Lampião de Gás" e "Azulão", dois dos maiores sucessos da carreira da cantora, além de. Este disco, lançado numa das melhores fases da carreira da cantora Inezita, nos mostra o talento de uma intérprete que imprime às suas canções a força da música popular, como em "Peixe Vivo", "Festa do Congado", "Engenho Novo" e "Lua, Luá". Um disco fantástico, que nos fala de um Brasil simples, um pouco esquecido nos dias de hoje, que nos é lembrado e cantado na voz da nossa eterna dama da música caipira, aqui reverenciada e homenageada, para sempre, Inezita Barroso.

1 - Retiradas (Oswaldo de Souza)
2 - Peixe Vivo (Rômulo Paes / Henrique de Almeida)
3 - Engenho Novo (Hekel Tavares)
4 - Zabumba de Nego (Hervê Cordovil)
5 - Lampião de Gás (Zica Bergami)
6 - Ismália (Alphonsus de Guimarães / Capiba)
7 - Festa do Congado (Juracy Silveira)
8 - Temporal (Paulo Ruschel)
9 - Lua, Luá (Catulo de Paula)
10 - Azulão (Jayme Ovalle / Manoel Bandeira)
11 - Seresta (Georgina Erismann)
12 - Moda da Pinga (Laureano / Raul Torres)