Oi pessoal! Neste último domingo de outubro, presto uma homenagem a um dos maiores nomes da música e da poesia brasileira. Afinal, se estivesse vivo, nosso querido "poetinha" teria completado no último dia 19 deste mês, 100 anos de vida, boemia e muitas histórias. Nascido no Rio de Janeiro do início do século XX, Vinicius ainda na escola começou a se interessar pela poesia, compondo seus primeiros versos. Aos 14 anos, junto com os amigos Tapajós (os irmãos Paulo, Haroldo e Oswaldo), Vinicius compõe suas primeiras canções, se apresentando com mais alguns amigos da escola em festinhas. Dois anos mais tarde, torna-se bacharel em Letras, entrando para a faculdade de Direito no ano seguinte. Em 1932, Vinicius publica seu primeiro poema, "A Transfiguração da Montanha", na revista "A Ordem", além de ter suas primeiras canções gravadas em disco ("Loura ou Morena" e "Canção da Noite") pelos Irmãos Tapajós, pela gravadora Columbia. No ano seguinte, por incentivo do amigo Otávio de Faria, lança pela editora Schimidt seu primeiro livro de poemas, "O Caminho para a Distância". Em 1933, lança o livro "Forma e Exegese", pela editora Irmãos Pongetti, o qual é elogiado pela crítica, além de receber o prêmio Filipe d'Oliveira e receber comentários positivos do já consagrado poeta Manuel Bandeira. Cinco anos mais tarde, lança seu quarto livro, "Novos Poemas", desta vez pela editora José Olympio, sendo novamente elogiado pela crítica e consolidado como um dos poetas da chamada "Geração de 30". Em 1939, com o início da II Guerra Mundial, Vinicius volta ao Brasil e, esperando o navio no porto de Estoril, escreve um dos poemas mais conhecidos de sua autoria, "Soneto de Fidelidade". Em 1941, inicia os estudos para ingressar na carreira diplomática, também escrevendo para o jornal "A Manhã" como crítico cinematográfico. Dois anos mais tarde, publica pela Irmãos Pongetti seu quinto livro, "Cinco Elegias", que conta com a colaboração de Manuel Bandeira, Aníbal Machado e Otávio de Faria. Em 1946, Vinicius enfim conquista o posto de vice-cônsul em Los Angeles, transferindo-se com a família para os Estados Unidos. No início da década de 1950, retorna ao Brasil, trabalhando no jornal "A Última Hora" como cronista e crítico de cinema. Em 1954, sua peça "Orfeu da Conceição" é premiada no concurso de teatro do IV Centenário da Cidade de São Paulo, além de lançar no Brasil sua "Antologia Poética", pela editora "A Noite". Dois anos mais tarde, inicia no Brasil as encenações de sua peça "Orfeu da Conceição" e, em 1957, é transferido para a embaixada brasileira de Montevidéu, lançando neste período no Brasil seu "Livro de Sonetos". Nos anos seguintes, sua parceria com Tom Jobim é levada aos quatro cantos do mundo após a explosão da Bossa Nova, movimento este que teria como pilar central a música de Tom e Vinicius. No início da década de 1960, Vinicius se lança na música brasileira, com novos parceiros musicais como Carlos Lyra, Edu Lobo, Baden Powell, Francis Hime, entre outros, lançando seu primeiro disco solo "Vinicius", pela gravadora Elenco. Em 1965, do I Festival Nacional de Música Popular Brasileira, promovido pela Tv Excelsior, Vinicius recebe o primeiro lugar com "Arrastão", composta com Edu Lobo, após a interpretação bombástica de Elis Regina, e o segundo lugar com "Valsa do Amor Que Não Vem", composta com Baden Powell, na interpretação emocionada de Elizeth Cardoso. No ano seguinte, Vinicius lança pelo selo Forma o antológico disco "Os Afro-sambas", com o amigo Baden Powell, misturando a música do poeta, o violão do parceiro e a influência dos ritmos do candomblé. Em 1968, Vinicius perde sua mãe, dona Lydia de Moraes e, após a instauração do AI*5 pelo então presidente Costa e Silva, perde também seu cargo no Itamaraty. No ano seguinte, dedica-se a shows que levaram o poeta a Salvador, Montevidéu e Lisboa. E em Lisboa, em plena livraria Quadrante, Vinicius realiza um recital de poesia, o qual é gravado e lançado no Brasil no final de 1969, pelo selo Festa, disco este que é tema da postagem de hoje. Deste disco recheado de poemas, destaco "A Uma Mulher", "Soneto a Katherine Mansfield", o qual inspirou o poeta Manuel Bandeira a compor uma série de sonetos que há muito não o fazia, "O Desespero da Piedade", "Soneto de Intimidade", "Quarto Soneto de Meditação" e "Ternura". Um recital interessante, que nos traz um pouco do poeta Vinicius em suas várias fases, desde seu primeiro livro, "O Caminho para a Distância", em que o próprio poeta o define como "imaturo, mas bem saudado pela crítica, onde o poeta se encontra nos seus mais verdes anos", até seus últimos trabalhos poéticos. Este recital consiste numa antologia, realizada pelo próprio poeta, e que traz aos que não conheceram a boêmia de Vinicius, o próprio autor declamando suas obras, com sua voz, seu sentimento. Um documento único, que leva à posteridade a preciosidade da obra, selecionada pelo próprio Vinicius, do poeta, diplomata, cineasta e compositor brasileiro, que se estivesse vivo, completaria neste mês um século de alegria, boemia e, é claro, muita poesia.
1 - A Uma Mulher
2 - A Volta da Mulher Morena
3 - Soneto de Intimidade
4 - Soneto a Katherine Mansfield
5 - Ternura
6 - O Falso Mendigo
7 - O Desespero da Piedade
8 - Quarto Soneto de Meditação
9 - Cântico
10 - Sob o Trópico de Câncer
"Fazer música não é botar fusca na praça. Não é linha de montagem, não". Elis Regina
domingo, 27 de outubro de 2013
1969 - Vinicius em Portugal
domingo, 6 de outubro de 2013
1964 - Tudo de Mim - Nelson Gonçalves
Oi pessoal! Nesta sexta-feira, trago aqui no Blog mais um disco do gaúcho Nelson Gonçalves. Dono de uma voz única, característica, Nelson Gonçalves se mudou ainda criança para São Paulo, trabalhando na adolescência de engraxate, jornaleiro, mecânico, polidor, tamanqueiro e lutador de boxe, tornando-se aos dezesseis anos campeão paulista, na categoria peso-médio. Mesmo sendo gago (o que lhe originou o apelido "metralha"), Nelson insistiu no sonho de ser cantor, mudando-se para o Rio de Janeiro em 1939 em busca deste sonho. Já no Rio, participou de inúmeros programas de calouros, sendo até aconselhado por Ary Barroso a desistir de seu sonho, diante das reprovações. Em 1941, após quase dois anos de tentativas sem sucesso, conseguiu gravar seu primeiro disco, pela Victor, sendo este 78RPM bem recebido pelo público e pela crítica. Nesta época, foi convidado a ser crooner Casino Copacabana (estabelecido no Hotel Copacabana Palace), assinando um contrato com a Rádio Mayrink Veiga e iniciando uma carreira de sucesso no rádio, inspirando-se nos já consagrados Francisco Alves e Orlando Silva. Durante as décadas de 1940 e 1950 grava inúmeros sucessos, como "A Última Seresta" (Adelino Moreira / Sebastião Santana), "Maria Bethânia" (Capiba), "Caminhemos" (Herivelto Martins), "Meu Vício É Você" (Adelino Moreira) e "A Volta do Boêmio" (Adelino Moreira), esta última considerada o seu maior sucesso e que lhe conferiu a alcunha de "Boêmio". Em 1952, casa-se com Lourdinha Bittencourt, substituta de Dalva de Oliveira no célebre Trio de Ouro, ficando juntos até 1959. Nesta época, o cantor se envolve com as drogas, fato este que quase levou ao final de sua carreira e sua vida, chegando a ser preso em flagrante, em meados de 1965. Com o apoio da família e amigos, deu a volta por cima, retomou sua brilhante carreira de sucesso e reconquistou o público que há tanto o admirava. Este disco, por sua vez, embora tenha sido lançado nesta fase triste da vida de Nelson, traz em seu repertório verdadeiras jóias musicais, com destaque especial para "Risque", imortalizada por Linda Batista, "Cadeira Vazia", uma das mais conhecidas letras de Lupicínio Rodrigues, "Dora", composição do mais baiano dos compositores, Dorival Caymmi, "Folha Morta" e "Ave Maria", grandes sucessos na voz de Dalva de Oliveira, "Da Cor do Pecado", "Tudo de Mim", que dá nome ao disco, "Cabelos Brancos", registrada em disco de Silvio Caldas, com mesmo nome, "Nossa Comédia" e "A Mesma Rosa Amarela". Um disco interessante, pela história e importância que cada uma das faixas representa para a história de nossa música brasileira, interpretadas pelo Rei do Rádio, uma das maiores vozes que o Brasil já teve e tem orgulho de se lembrar, ouvir e se emocionar: o eterno Nelson Gonçalves.
01 – Risque (Ary Barroso)
02 – Da Cor do Pecado (Bororó)
03 – Tudo de Mim (Evaldo Gouveia / Jair Amorim)
04 – Nossa Comédia (Custódio Mesquita / Evaldo Ruy)
05 – Cadeira Vazia (Lupicínio Rodrigues / Alcides Gonçalves)
06 – Dora (Dorival Caymmi)
07 – Folha Morta (Ary Barroso)
08 – Cabelos Brancos (Herivelto Martins / Marino Pinto)
09 – Ave Maria (Vicente Paiva / Jayme Redondo)
10 – Sinto-me Bem (Ataulfo Alves)
11 – Noite Cheia De Estrelas (Cândido das Neves)
12 – A Mesma Rosa Amarela (Capiba e Carlos Pena Filho)
01 – Risque (Ary Barroso)
02 – Da Cor do Pecado (Bororó)
03 – Tudo de Mim (Evaldo Gouveia / Jair Amorim)
04 – Nossa Comédia (Custódio Mesquita / Evaldo Ruy)
05 – Cadeira Vazia (Lupicínio Rodrigues / Alcides Gonçalves)
06 – Dora (Dorival Caymmi)
07 – Folha Morta (Ary Barroso)
08 – Cabelos Brancos (Herivelto Martins / Marino Pinto)
09 – Ave Maria (Vicente Paiva / Jayme Redondo)
10 – Sinto-me Bem (Ataulfo Alves)
11 – Noite Cheia De Estrelas (Cândido das Neves)
12 – A Mesma Rosa Amarela (Capiba e Carlos Pena Filho)
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