Oi pessoal! Depois de mais de 2 meses de ausência, segue uma preciosidade de nossa música brasileira, nos apresentada pelo grande e saudoso compositor de "Aquarela do Brasil", Ary Barroso: "Carnaval de Rua". Gravado em homenagem aos 25 anos de carreira de Herivelto Martins pela Mocambo, este disco nos traz alguns dos principais sucessos da carreira de Herivelto até então. Incentivado pelo compositor carioca Príncipe Pretinho, Herivelto iniciou sua carreira musical participando de ensaios e, posteriormente, integrando como arranjador do Conjunto Tupi. Sua primeira composição, "Da Cor do Meu Violão", foi apresentada ao músico J. B. de Carvalho (um dos criadores do Conjunto Tupi), o qual aceitou que fosse gravado para o carnaval de 1932, desde que fosse seu parceiro na canção. No ano seguinte, participou no coro e de algumas gravações do Conjunto Tupi, até que no final deste ano se separou do conjunto com o músico Francisco Sena, formando a dupla Preto e Branco, que viria a substituir o conjunto nas apresentações no Cine Odeon, na Cinédia. Em 1934, com Francisco de Sena grava o primeiro disco da dupla preto e branco pela Odeon, com os sambas "Quatro Horas" e "Preto e Branco", ambos de sua autoria. Ainda neste ano, foram gravadas em disco algumas canções da dupla, com destaque para "A Vida É Boa" (Herivelto Martins / Francisco Sena / Assis Valente), gravada por Carlos Galhardo, e "Mais Uma Estrela" (Herivelto Martins / Bonfíglio de Oliveira), gravada por Mário Reis. No ano seguinte, mais algumas músicas suas foram gravadas por cantores de destaque, como Aracy de Almeida ("Pedindo A São João", com Darcy de Oliveira, e "Santo Antônio, São Pedro e São João", com Alcebíades Barcelos), Silvio Caldas ("Samaritana", com Benedito Lacerda) e Carlos Galhardo ("É de Verdade", com Bonfíglio de Oliveira) e, repentinamente, com a morte de Francisco Sena, a dupla se desfez. No ano seguinte, Herivelto conhece Nilo Chagas, com quem recria a dupla Preto e Branco e que retoma a carreira de sucesso que estava iniciando. Em 1937, numa das apresentações da dupla no Teatro Pátria, conheceu Dalva de Oliveira, que se tornaria a grande intérprete da dupla, formando assim o famoso Trio de Ouro, e futuramente, sua esposa. Já no primeiro disco gravado pela RCA Victor do então Trio de Ouro, com as músicas "Itaquari" e "Ceci e Peri" (composições de Príncipe Pretinho) fizeram grande sucesso, sendo contratados pela Rádio Mayrink Veiga. Nos anos seguintes, o trio continuou se apresentando pelo país e pelo rádio, emplacando sucessos e gravando discos, com destaque para "Praça Onze" (escrita por Herivelto a pedido de Grande Otelo, sobre a demolição da antiga Praça XI para dar lugar à atual Avenida Presidente Vargas), um dos grandes do carnaval de 1941, "Ave-Maria No Morro", gravada originalmente em 1942 e que se transformou num dos maiores sucessos do compositor, "Lá Em Mangueira" (com Heitor dos Prazeres), "Mangueira, Não" (com Grande Otelo), "Laurindo", todos os três de 1943, além de "Que Rei Sou Eu?" (com Waldemar Ressurreição), de 1944, "Isaura" (com Roberto Roberti), de 1945, "Edredom Vermelho" (gravado com grande sucesso por Isaura Garcia) e "Fala, Claudionor" (com Grande Otelo), ambas de 1946, "Segredo" (com Marino Pinto), "Senhor do Bonfim" e "Caminhemos", todas as três de 1947.Esta última, sendo considerada um prenúncio à separação de Dalva e Herivelto e o fim do Trio de Ouro com a formação original. No ano seguinte, veio o último sucesso do Trio de Ouro, com a música "Cabelos Brancos" (em parceria com Marino Pinto), imortalizada nas vozes de Silvio Caldas, Nelson Gonçalves e 4 Ases e 1 Curinga. No ano seguinte, Dalva e Herivelto se separam e a história da separação do casal vira drama nos jornais, contada pelo marido em detalhes, tornando-se escândalo nacional. Depois deste episódio, o prestígio de Herivelto é diminuído e Dalva de Oliveira torna-se uma das maiores cantoras que este país já viu e ouviu, seguindo carreira solo e respondendo às acusações de Herivelto em lindas canções e grandes sucessos. Mesmo com o relançamento do Trio de Ouro, com Nilo Chagas e Noemi Cavalcanti, o sucesso do grupo não continuou como na primeira formação, porém ainda continuaram os sucessos, como "Ouro Preto" e "Camisola do Dia", ambos com David Nasser, sendo este último lançado por Nelson Gonçalves em 1952. No ano seguinte, veio a terceira formação do Trio de Ouro, com Raul Sampaio e Lourdinha Bittencourt, com o sucesso de "Negro Telefone", além das canções "Pensando Em Ti", "Francisco Alves" e "Carlos Gardel", todas com David Nasser, e que foram lançadas com grande sucesso por Nelson Gonçalves. Em 1955, veio o sucesso "Hoje Quem Paga Sou Eu", também com David Nasser e lançado por Nelson, além de "João, João", gravado pelo trio e "Boêmio", lançado por Francisco Carlos. Em 1957, em homenagem aos 25 anos de sua carreira, é lançado pela Mocambo o disco tema da postagem de hoje. Apesar do pouco prestígio do Trio de Ouro na época, Herivelto ainda lançava músicas de grande sucesso, nas vozes dos mais famosos cantores da época e, por sua história e importância para a música brasileira, esta homenagem foi idealizada e gravada pela orquestra da Mocambo, trazendo oito sambas que expressam toda a originalidade de Herivelto em suas letras leves, simples e musicais, cantando um Rio de Janeiro do tempo dos saudosos e velhos carnavais. Um disco importante, de um belíssimo repertório, homenageando os 25 anos de um de nossos maiores compositores brasileiros.
1 - Apresentação De Ary Barroso
2 - Saudosa Mangueira (Herivelto Martins)
3 - Lá Em Mangueira (Herivelto Martins / Heitor dos Prazeres)
4 - Laurindo (Herivelto Martins)
5 - Mangueira, Não (Herivelto Martins / Grande Otelo)
6 - Acorda Escola De Samba (Herivelto Martins / Benedito Lacerda)
7 - Praça Onze (Herivelto Martins / Grande Otelo)
8 - Noite Enluarada (Herivelto Martins / Heitor dos Prazeres)
9 - Bom Dia Avenida (Herivelto Martins / Grande Otelo)