sábado, 27 de abril de 2013

1981 - De Baden para Vinicius

Oi pessoal! Neste sábado, posto aqui no Blog mais um disco do famoso "Badeco", um dos maiores violonistas e compositores brasileiros de todos os tempos. De fama internacional e detentor de grande prestígio na música brasileira, Baden Powell começou a tocar violão ainda aos sete anos de idade, até que aos 15 anos (com autorização do Juizado de Menores) começou a tocar profissionalmente em boates nas noites cariocas. Aos 18 anos, integrou o trio do pianista Ed Lincoln, tocando jazz na boate Plaza, em Copacabana. Um ano mais tarde, já no ano de 1956, compôs seu primeiro grande sucesso, "Samba Triste", em parceria com o compositor Billy Blanco, sendo que a canção só seria gravada três anos depois, pelo cantor Lúcio Alves. Em 1959, Baden grava seu primeiro disco - "Apresentando Baden Powell e seu Violão" - pela Philips, conhecendo nesta época o também compositor Vinicius de Moraes, com quem estabeleceria uma amizade de longos anos, da qual lhes rendeu inúmeros sucessos. No ano seguinte, foi convidado para trabalhar no arranjo do disco "Jóia Moderna", que estava sendo gravado por Alaíde Costa pela RCA Victor, onde a composição "Samba de Nós Dois" (em parceria com Billy Blanco) foi incluída entre as 12 faixas do disco. Em 1961, Baden Powell lançou o seu segundo long-play pela Philips, "Um Violão Na Madrugada", e, no ano seguinte, compôs com o poetinha Vinicius inúmeras canções, dentre as quais se destacam "Samba Em Prelúdio" e "Deixa". Durante a década de 1960, participou dos grandes festivais de música, conquistando o 2º lugar no I Festival de Música Popular Brasileira, promovido pela Excelsior em 1965, com a música "A Valsa do Amor Que Não Vem" (em parceria com Vinicius), interpretada por Elizeth Cardoso, além de um 4º lugar no II Festival de MPB, promovido pela Tv Record no ano seguinte, com "Cidade Vazia" (em parceria com Lula Freire), no qual revelou ao público Milton Nascimento, e um 1º lugar na I Bienal do Samba, também promovida pela Tv Record em 1968, com a música "Lapinha" (em parceria com Paulo César Pinheiro), defendida por Elis Regina. Durante as décadas de 1960 e 1970, Baden excursionou pelo mundo, internacionalizando sua carreira e levando ao mundo o melhor que a música brasileira podia oferecer através de suas canções e seu violão. No início da década 1980, com a morte do grande poetinha Vinicius de Moraes, Baden grava em sua homenagem um disco pela WEA internacional (nesta época vivia na Alemanha) em homenagem ao grande amigo, sendo este disco o tema da postagem de hoje. Lançado no início de 1981, o disco (gravado ao vivo) traz grandes sucessos da dupla Baden & Vinicius, como "Deixa", "Formosa", "Samba Em Prelúdio", "Apêlo" e "Tempo Feliz", além de "Feitinha Pro Poeta" (esta de Baden em parceria com Lula Freire), todas na voz do próprio Baden (embora a arte de cantar não seja o seu ponto forte), e a versão instrumental da antológica "Se Todos Fossem Iguais A Você", tocada ao estilo próprio do violonista. Um disco interessante, histórico, que guarda esta homenagem póstuma ao poetinha, trazendo na rara interpretação vocal do amigo e parceiro Baden Powell as músicas que a dupla consagrou em nossa história musical brasileira.

1 - Velho Amigo (Baden Powell / Vinicius de Moraes) / Bom Dia, Amigo (Baden Powell / Vinicius de Moraes) / Samba Em Prelúdio (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
2 - Feitinha Pro Poeta (Baden Powell / Lula Freire)
3 - Se Todos Fossem Iguais A Você (Tom Jobim / Vinicius de Moraes)
4 - Tempo Feliz (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
5 - O Poeta e a Lua (Vinicius de Moraes) / Serenata do Adeus (Vinicius de Moraes)
6 - Apêlo (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
7 - Além do Amor (Baden Powell / Vinicius de Moraes) / Deixa (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
8 - Formosa (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
9 - Samba da Bênção (Baden Powell / Vinicius de Moraes)

quinta-feira, 18 de abril de 2013

1971 - Um Violão em Primeiro Plano - Rosinha de Valença

Oi pessoal! Nesta quinta-feira, trago aqui no Blog uma artista ainda inédita por aqui. Embora hoje em dia não seja lembrada pela maioria do público, Rosinha de Valença (Maria Rosa Canelas) foi uma grande compositora, violonista e arranjadora brasileira, que se tornou referência no gênero à sua época. Sua carreira teve início em 1963, quando se mudou para o Rio de Janeiro e conheceu o escritor Sérgio Porto, o qual apresentou à recém-chegada à cidade maravilhosa o compositor e violonista Baden Powell, além do compositor e produtor Aloysio de Oliveira, sendo este último o responsável pela gravação do primeiro disco da carreira de Rosinha de Valença, pela Elenco, ainda no mesmo ano. Desde esta época, Sérgio Porto já definia a compositora como a "instrumentista que tocava por uma cidade inteira", ou seja, pela cidade natal da artista, Valença, no estado do Rio de Janeiro. Ainda nesta época, Rosinha de Valença se apresentou em uma temporada na boate carioca Bottle's, no badalado Beco das Garrafas, além de trabalhar nas noites cariocas ao lado de artistas como Eliana Pittman, Nara Leão, Quarteto em Cy, entre outros. Em 1965, foi convidada a participar do programa comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues, "O Fino da Bossa", no Teatro Paramount, em São Paulo, onde se apresentou ao lado de Baden Powell num encontro histórico, tocando juntos a música "Tristeza Em Mim" (Baden Powell), a qual foi gravada ao vivo e lançada em disco quase 30 anos depois no disco "No Fino da Bossa - Vol. 2". Ainda neste ano, Rosinha de Valença viajou para os Estados Unidos com Jorge Ben, Wanda Sá e o Sérgio Mendes Trio, composto pelo próprio Sérgio Mendes, Tião Neto e Chico Batera. O grupo se apresentou em inúmeros shows pelo país, chegando a gravar dois discos (mas sem a presença de Jorge Ben) e ser considerada como uma das maiores violonistas da época. No final deste ano de 1965, após o sucesso alcançado nos Estados Unidos, Canadá e México, a instrumentista excursionou por 24 países europeus e pelo Japão, recebendo uma bolsa da embaixada francesa para estudos no país. Em 1967, acompanhou a cantora Maria Bethânia no show "Comigo Me Desavim", considerado um dos melhores shows do ano. No ano seguinte, Rosinha de Valença viaja para mais algumas turnês internacionais, passando por países como Portugal, Israel, Suíça, Itália, Rússia e alguns países africanos, trabalhando com nomes internacionais da música como Stan Getz, Sarah Vaughan e Henry Mancini. Voltou para o Brasil em 1971, onde gravou o disco tema da postagem de hoje,"Um Violão em Primeiro Plano", lançado pela RCA Victor. Neste trabalho, merecem destaque as músicas "London, London", "Zanzibar", "Asa Branca", "Concierto de Aranjuez", "Tema Espanhol" e "Summertime", todas essencialmente instrumentais, mostrando o talento de Rosinha ao violão, além de "Mudei de Idéia", "Boi Ta-Tá", "De Conversa Em Conversa" (um dos maiores sucessos da carreira de Isaurinha Garcia), "O Samba da Minha Terra" e "Marinheiro". Um disco excelente, de música brasileira de alta qualidade, contagiante, que traz o melhor de Rosinha de Valença, que com seu violão nos brinda com mais esta preciosidade, pura e essencialmente brasileira.

1 - Asa Branca (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)
2 - London, London (Caetano Veloso)
3 - Mudei de Idéia (Antonio Carlos / Jocafi)
4 - Zanzibar (Edu Lobo)
5 - Boi Ta-Tá (Messias dos Santos / Eugênio Malta)
6 - Marinheiro (Caetano Veloso)
7 - Summertime (Heyward / George Gershwin)
8 - De Conversa Em Conversa (Lúcio Alves / Haroldo Barbosa)
9 - One O'Clock Last Morning, 20th April 1970 (Gilberto Gil)
10 - O Samba da Minha Terra (Dorival Caymmi)
11 - Concierto de Aranjuez (Joaquim Rodrigo Vidre)
12 - Tema Espanhol (Rosinha de Valença)

quarta-feira, 10 de abril de 2013

1970 - Toquinho

Oi pessoal! Depois de quase dois meses de ausência, voltei à ativa postando mais um bom disco de nossa música brasileira, desta vez do grande compositor, violonista e cantor Toquinho. Dono de um talento ímpar em tocar violão, Toquinho iniciou sua carreira no início dos anos 1960, atuando como instrumentista no Teatro Paramount, em São Paulo, em shows produzidos pelo radialista, produtor e jornalista, Walter Silva. Três anos mais tarde, conheceu Chico Buarque - ainda desconhecido do grande público -, com quem compôs a canção "Lua Cheia", sendo a melodia do próprio Toquinho e a letra do parceiro Chico Buarque. Em 1964, Toquinho recebeu o convite para participar do espetáculo "Na Onda do Balanço", no Teatro Maria Della Costa (SP), com Taiguara, Thomas Lee (flautista) e o conjunto Manfred Fest Trio. Ainda neste ano, Toquinho gravou pela RGE seu primeiro disco, um compacto simples dedicado à Bossa Nova, contendo as músicas "Só Tinha de Ser Com Você" (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira) e "Vivo Sonhando" (Tom Jobim) / "Primavera" (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes). No ano seguinte, participou da direção do espetáculo "Liberdade, Liberdade", estrelado por Paulo Autran, Teresa Raquel, Oduvaldo Vianna Filho e a cantora Claudia, como também participou do show antológico "Esse Mundo É Meu", ao lado de Sérgio Ricardo e Marini, no teatro de Arena. Em 1966, Toquinho foi convidado pela Fermata para a gravação de seu primeiro long-play, "O Violão de Toquinho", totalmente dedicado à música instrumental, além de assinar contrato com a Tv Excelsior para o programa "Ensaio Geral", comandado por Gilberto Gil na época. Um ano mais tarde, Toquinho teve sua primeira composição gravada ("Lua Cheia"), no disco do parceiro Chico Buarque (Chico Buarque de Hollanda - Volume 2), lançado pela RGE. Em 1968, Toquinho participou do III Festival Internacional da Canção, promovido pela Tv Globo, com a sua música "Boca da Noite" (em parceria com Paulo Vanzolini), classificada em 8º lugar na fase nacional e defendida por Ivete e o Conjunto Canto 4. No ano seguinte, Toquinho viajou para a Itália, onde ficou por mais de seis meses. Lá, o cantor, compositor e violonista se apresentou ao lado de Chico Buarque numa turnê de mais de 45 apresentações, além de gravar um disco com músicas de Vinicius de Moraes em italiano. Finalmente, em 1970, antes mesmo de sua carreira mudar totalmente o rumo (visto que meses depois Toquinho seria convidado por Vinicius para participar de uma série de shows na boate "La Fusa", em Buenos Aires, ao lado da cantora Maria Creuza, dando origem à dupla Toquinho & Vinicius, que durou mais de dez anos de inúmeros sucessos e histórias), Toquinho lança pela RGE o disco "Toquinho", o qual é tema da postagem de hoje. Neste disco, Toquinho apresenta seu primeiro grande sucesso, "Que Maravilha", ao lado do parceiro Jorge Ben. Além deste grande sucesso, merecem destaque as músicas "Carolina Carol Bela", também gravada com a participação de Jorge Ben, "Zana" e "Na Água Negra da Lagoa", como também as instrumentais "Bachianinha Nº 1", esta com a participação de Paulinho Nogueira, "Tocando Pra Silvinha" e "La Barca". Um disco interessante, gostoso de ouvir, que mostra o talento incontestável de Toquinho, tão marcado e conhecido por sua "Aquarela" e sua parceria com o poetinha, que seus trabalhos individuais acabam sendo esquecidos pelo público em geral, o que é uma pena, pois estes trabalhos mostram a musicalidade de um dos maiores violonistas brasileiros de todos os tempos, que tem o dom de transformar pelas cordas de seu violão, composições e arranjos em verdadeiras jóias de nossa música brasileira.

1 - Na Água Negra da Lagoa (Toquinho)
2 - La Barca (Cantoral)   
3 - Tocando Pra Silvinha (Toquinho)
4 - Chuva Na Praia de Juquí (Toquinho)
5 - Que Maravilha (Jorge Ben / Toquinho) - com Jorge Ben
6 - Zana (Gianfrancesco Guarnieri / Jorge Ben / Toquinho)
7 - Bachianinha Nº 1 (Paulinho Nogueira) - com Paulinho Nogueira
8 - De Ontem Pra Hoje (Toquinho)
9 - Dobrando a Esquina (Dedé / Toquinho)
10 - Carolina Carol Bela (Jorge Ben / Toquinho) - com Jorge Ben
11 - Evocação a Jacob (Avena de Castro)