domingo, 27 de janeiro de 2013

1975 - Tamba Trio

Oi pessoal! Neste domingo, depois de duas semanas de ausência, posto aqui no Blog mais um disco de um grupo de músicos que revolucionou a música instrumental brasileira. Formado por Luiz Eça (piano, vocal e arranjos), Bebeto Castilho (flauta, sax, contrabaixo e vocal) e Hélcio Milito (bateria, percussão e vocal), o Tamba Trio iniciou sua carreira no início da década de 1960, com um estilo diferente, único, que a partir dos arranjos sofisticados de Luiz Eça, deixou para trás a imagem de que a música instrumental era utilizada somente para dançar ou para servir de música de fundo. A partir da formação deste grupo, a música instrumental passou a ser considerada como um estilo diferente, do qual fizeram parte mais tarde inúmeros outros grupos musicais, como Zimbo Trio, Quarteto Novo, Bossa Três, Sambossa 5, Sambrasa Trio, Samba Trio, dentre muitos outros. Nos primeiros anos de carreira do conjunto, o Tamba Trio lançou seus primeiros três LP's pela gravadora Philips, sendo "Tamba Trio" (1962) e "Avanço" (1963) totalmente dedicados aos sucessos e canções que embalaram a Bossa Nova, e "Tempo" (1964), primeiro disco do grupo dedicado às primeiras canções que deram origem à nova MPB. No final de 1964, Hélcio Milito foi substituído pelo baterista Rubens Ohana e, com esta nova formação, o grupo lançou os discos "Tamba Trio" (1965), "5 Na Bossa" (1965), com Edu Lobo e Nara Leão, e "Brasil Saluda a Mexico" (1966), todos também gravados pela Philips. Em 1967, em temporada pelos Estados Unidos, o grupo passa a atuar como Tamba 4, com a adesão do músico Dório Ferreira no contrabaixo, deixando, assim, Bebeto Castilho na flauta. Esta formação durou apenas dois discos, "We And The Sea" (1967) e "Samba Blim" (1968), ambos gravados nos Estados Unidos, pelo selo A&M Records. Em curta passagem pelo México, o grupo lança seu último disco "Tamba 4" (1969), com Laercio de Freitas no lugar de Luiz Eça ao piano. De volta ao Brasil, o grupo volta à sua formação inicial em 1971, gravando dois discos pela RCA Victor, antes de se desfazer em 1975: "Tamba Trio" (1974) e "Tamba Trio" (1975), sendo este último o tema da postagem de hoje. Com um repertório interessante, variado e contagiante, este disco traz como destaque as músicas "3 Horas da Manhã", "Ou Bola Ou Búlica", "Olha Maria", "Contra O Vento", "Visgo de Jaca" e "Chorinho Nº 1". E, entre as essencialmente instrumentais, temos "Sanguessuga", "Janelas", "Chamada" e "Beira-Mar", que nos levam à viajar neste universo mágico da música instrumental, que o Tamba Trio com todo o seu talento nos proporciona neste disco tão musical, tão instrumental, tão brasileiro.

1 - 3 Horas da Manhã (Waldemar Correira / Ivan Lins)
2 - Visgo de Jaca (Sergio Cabral / Rildo Hora)
3 - Ou Bola Ou Búlica (João Bosco / Aldir Blanc) - part. João Bosco
4 - Beira-Mar (Ivan Lins)
5 - Olha Maria (Amparo) (Tom Jobim)
6 - Chorinho Nº 1 (Durval Ferreira)
7 - Jogo da Vida (Danilo Caymmi / Sidney Miller)
8 - Sanguessuga (Toninho Horta / Fernando Brant)
9 - Janelas (Ronaldo Monteiro de Souza / Ivan Lins)
10 - Contra O Vento (Ana Borba / Danilo Caymmi)
11 - Beijo Partido (Toninho Horta)
12 - Chamada (Hélio Delmiro / Paulo César Pinheiro)

sábado, 12 de janeiro de 2013

1969 - Som Três

Oi pessoal! Neste sábado, posto aqui no Blog mais um disco de um trio que marcou a música brasileira dos anos 1960. Composto por três músicos de altíssimo nível (César Camargo Mariano ao piano, Sabá no contrabaixo e Toninho Pinheiro na bateria), o grupo se formou em 1966, e logo no início da formação do trio, se apresentaram com sucesso pela primeira vez no programa "Spotlight", de Abelardo Figueiredo, na Tv Tupi. Ainda em 1966, foram convidados pela gravadora Som Maior a gravar o primeiro LP do conjunto, intitulado "Som/3". O Som 3 se consolidou na música instrumental e, durante quase toda a carreira do grupo, que soma pouco menos de 6 anos de duração, acompanhou com sucesso o cantor Wilson Simonal,  participando dos seus shows, discos, músicas e turnês internacionais. O segundo disco do grupo só veio a ser lançado em 1968, desta vez pela gravadora Odeon (mesma gravadora que Simonal era contratado), com o nome de "Show", contendo pela primeira vez músicas internacionais e sucessos de Simonal, como "Sá Marina", de Antonio Adolfo e Tibério Gaspar, "Balanço Zona Sul", de Tito Madi, e "Falsa Baiana", de Geraldo Pereira. Nesta época, o grupo foi convidado a participar dos antológicos festivais de MPB realizados na Tv Record, acompanhando as apresentações de "Roda Viva", de Chico Buarque, com o autor e o grupo MPB-4, e "Maria, Carnaval e Cinzas", de Luiz Carlos Paraná, com Roberto Carlos, ambas as músicas do III Festival, de 1967, além de "Andança", de Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, defendida por Beth Carvalho e os Golden Boys, no V Festival, de 1969. Neste mesmo ano de 1969, o Som Três foi convidado a gravar mais um disco pela Odeon, o qual é o tema da postagem de hoje, e que nos traz em seu repertório como destaque as músicas brasileiras "Moça", também gravada por Simonal em seu disco "Alegria, Alegria - Vol. 3" (1967), "Se Você Pensa", um dos maiores sucessos da dupla Roberto & Erasmo Carlos, lançado no LP "Inimitável" (1968) do Rei Roberto, "Que Pena", de Jorge Ben, gravada no disco do compositor "Jorge Ben" (1969), e "Caruaru", de Belmiro Barrela. Entre as internacionais, destacam-se "For Once In My Life" e "There’s Gonna Be A Showdown". No ano seguinte, o grupo gravou o seu último disco da "Um É Pouco, Dois É Bom, Este Som 3 É Demais", além de viajar com Simonal ao México para a turnê do cantor durante a Copa do Mundo. Na volta ao Brasil, César Camargo Mariano foi convidado a participar da temporada de shows de Elis Regina pelo Rio de Janeiro e, como Sabá e Toninho Pinheiro não quiseram deixar São Paulo, o grupo se desfez. Portanto, apesar da curta carreira do grupo, o Som 3 representa até hoje um conjunto marcante para a música instrumental brasileira que, na época, contava com diversos outros grupos e músicos que também se dedicavam a esse gênero musical. Embora hoje a música instrumental (não confundir com música eletrônica!) não seja tão apreciada como na época em que o Som 3 estava na ativa, é importante resgatar a todos a importância deste gênero musical para a nossa música brasileira, em termos dos músicos, das canções e/ou dos discos gravados, mostrando a todos a beleza e a riqueza da diversidade musical que só a nossa música brasileira contém.

1 – For Once In My Life (R. Miller / Murden)
2 – Moça (Antônio Adolfo / Tibério Gaspar)
3 – Se Você Pensa (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)
4 – Blood-Mary (César Camargo Mariano)
5 – California Soul (N. Ashford / V. Simpson)
6 – Homenagem a Mongo (César Camargo Mariano)
7 – Que Pena (Jorge Ben)
8 – Tijuana (Laércio de Freitas)
9 – There’s Gonna Be A Showdown (Gamble / Huff)
10 – Caruaru (Belmiro Barrela)

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

1966 - Passaporte - Os Cariocas

Oi pessoal! Um Feliz Ano Novo a todos vocês, que de alguma forma fazem parte desta história, seja sendo assíduos leitores, com comentários e sugestões que fazem com que o Blog da Música Brasileira cresça sempre mais, buscando resgatar e relembrar o que a nossa música brasileira tem de melhor a nos oferecer. Bom, nesta primeira postagem de 2013, trago aqui o nosso "passaporte" para o novo ano, ao som d'Os Cariocas. Grupo formado inicialmente na década de 1940 por Ismael Netto, no Rio de Janeiro, ele caracterizou-se por seus arranjos vocais a quatro (ou cinco) vozes, diferentemente dos grupos formados na época, como Quatro Azes e um Curinga, Bando da Lua e Anjos do Inferno. Inciando sua carreira tocando em festas da vizinhança e participando de programas de Rádio, como "Papel Carbono", de Renato Murce, o grupo conseguiu, em 1946, seu primeiro contrato com a Rádio Nacional, participando do programa "Um Milhão de Melodias". Durante os anos que se seguiram, participaram de diversos programas musicais de Rádio, além de gravarem seu primeiro disco em 1948 pela Continental, com as músicas "Nova Ilusão", de José Menezes e Luis Bittencourt, e "Adeus América", de Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques. Continuaram a gravar diversas músicas, destacando-se neste período um disco lançado ainda pela Continental com a cantora Marlene, em 1949, trazendo os sucessos de "Qui Nem Jiló" e "Macapá", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. No início da década de 1950, gravaram uma série de discos pela Sinter, destacando-se neste selo as músicas "Marca Na Parede", de Mario Faccini e Ismael Neto, "Tim-Tim Por Tim-Tim", de Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques, e as músicas de Festa Junina, "Pula Fogueira", de Haroldo Lobo e Milton Oliveira, e "Baile Na Roça", de Sebastião Gomes, Ismael Neto e Ayrton Amorim. Em 1952, foram contratados pela RCA Victor, gravando também outras músicas de sucesso, que dentre as quais merecem destaque "Podem Falar", de Ismael Neto e Antonio Maria, "Lá Vem a Rita", de Haroldo Lobo e Milton Oliveira, e "O Último Beijo", de Ismael Neto e Nestor Holanda, sendo utilizada por Flávio Cavalcanti como tema do prefixo do seu programa "Discos Impossíveis". Em 1956, com o desaparecimento de Ismael Neto, a irmã Hortênsia assumiu seu lugar (até 1959) e, com essa formação, gravaram em 1957 pela Columbia o primeiro LP do grupo, "Os Cariocas A Ismael Neto", com os principais sucessos do grupo. Na Columbia, o grupo foi dirigido por Renato Corte Real que queria impor ao grupo um estilo que não coincidia com o que apresentavam até aqui, mas que gerou a gravação antológica de "Chega de Saudade", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes no lado B de um destes discos, uma das primeiras gravações desta música, ainda em 1957. Neste mesmo ano, Os Cariocas voltaram à gravadora Continental, gravando um disco de re-estréia memorável, com "Criticando", de Carlos Lyra (sendo a primeira gravação de uma música do compositor), e "Foi Ela", de Ary Barroso. Em 1962, a um convite de Aloysio de Oliveira, o grupo participou de um show na boate "Au Bon Gourmet", juntamente com Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto, ficando em cartaz por 45 dias e que apresentou ao público as novidades que a Bossa Nova trazia, como "Samba do Avião", "Samba de Uma Nota Só", "Só Danço Samba", "Corcovado" e "Garota de Ipanema", embora este show não tenha sido gravado na época. Neste mesmo ano, o grupo mudou para a gravadora "Philips", gravando o LP "A Bossa dos Cariocas", consagrando Os Cariocas como um dos principais nomes da Bossa Nova da época, abrindo as portas para o sucesso e o reconhecimento do grupo, tanto nacional quanto internacionalmente. Durante o período em que estiveram na Philips, Os Cariocas gravaram seis LP's, todos dedicados de alguma forma à Bossa Nova ou à nova MPB. E, destes seis discos, o último deles, "Passaporte", lançado pelo selo Polydor, em 1966, é o tema da postagem de hoje, sendo que as músicas que merecem destaque são: "Amor Até O Fim", "A Banda", "Amanhã Ninguém Sabe", "Lunik 9", "Tão Doce Que É Sal", "Fim de Festa", "Vem Cá Menina" e "O Amor É Chama". Um disco que, apesar de ser o último antes dos 21 anos em que o grupo se manteve afastado da música, nos mostra o amadurecimento deste conjunto tão importante para a história de nossa música, seja em termos das músicas lançadas e gravadas, seja no estilo que influenciou outros tantos grupos (como MPB-4, Tamba Trio, etc.) com suas interpretações a mais de uma voz, com composições próprias e regravações de grandes sucessos. Um disco sensacional, deste incrível grupo, que se consagrou como Os Cariocas que, como um grupo unido, trouxe à musica sua genialidade, sua personalidade, seu conjunto, sua união.

1 - O Amor É Chama (Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle)
2 - A Banda (Chico Buarque)
3 - Razão de Voltar (Pedro Camargo / José Ari)
4 - Fim de Festa (Luiz Roberto / Marcos Vasconcellos)
5 - Mais Vale Uma Canção (Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle)
6 - Quem Me Dera Um Canto Feliz (Severino Filho / Marcos Vasconcellos)
7 - Lunik 9 (Gilberto Gil)
8 - Tão Doce Que É Sal (Marcos Vasconcellos / Pingarrilho)
9 - Vem Cá Menina (Fred Falcão)
10 - Amanhã Ninguém Sabe (Chico Buarque)
11 - Marcha de Todo Mundo (Walter Santos / Tereza Souza)
12 - Amor Até O Fim (Gilberto Gil)